O fim dos cartilheiros e Justiça de rastos

Parece agora que a SIC e a TVI decidiram acabar com os seus programas de comentários desportivos para não contribuírem para a ‘toxicidade’ do futebol. 

Há muitos anos que deixei de ser fã de programas desportivos, embora, por vezes, passasse por lá um pouco para ver Manuel Serrão levar ao desespero Pedro Guerra, que chamava por Sousa Martins, o moderador, como uma criança chora pelo pai quando alguém a contraria. Sendo certo que, muitas vezes, Guerra também exasperava Serrão, deixando-o à beira de um ataque de nervos. E, claro, quando quero divertir-me é sempre um gozo ouvir Paulo Futre – o sócio – a fazer as suas revelações, enquanto puxa as mangas do casaco como se estivesse no relvado pronto a marcar um penálti.

Parece agora que a SIC e a TVI decidiram acabar com os seus programas de comentários desportivos para não contribuírem para a ‘toxicidade’ do futebol. É uma medida radical que podia ter sido tomada quando esses mesmos programas eram líderes de audiência, coisa que hoje não o são, já que perdem em toda a linha para a CMTV. Mas o que mais confusão me fazia nalguns desses programas era a colagem dos participantes aos seus respetivos clubes. Digamos que eram, muitas vezes, a voz do dono e fazia impressão ouvi-los. Nesta matéria deve-se tirar o chapéu a Rodolfo, o antigo capitão do FC Porto, que não raras vezes dizia mal do seu clube – o mesmo se passava com Manuel Serrão. Não é que não existissem programas desses onde os representantes do Benfica e do Sporting não tivessem uma postura semelhante, mas eram mais raros. Mas percebia-se que os clubes impunham os seus cartilheiros, pessoas que não se importam de se vergar. Nada que seja muito diferente de alguns dos comentadores que dão notícias de última hora, depois dos clubes lhes mandarem sms para desviarem atenções… 

Conclusão: paz à sua alma, aos programas que agora acabaram, e felicidades para os que continuam. 

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