Lisboa. Perdidos de Bêbados

A 1.ª final da Taça dos Campeões disputada em Lisboa (25 de Maio de 1967) foi, ao contrário da que aí vem, uma festa popular de escoceses felizes.  

Na estação da Cruz Quebrada um homenzinho vendia caranguejos a uns escoceses meio desconfiados. Com a unha grande do polegar rasgava os bichos ao meio como se usasse uma ferramenta. Depois explicava o que era de comer e de deitar fora. Rubicundos de cervejas, os adeptos de camisola às riscas verdes e brancas, lá iam mastigando os crustáceos.

Um tipo ruivo, entroncado, parecia enxertado no meio de cinco calmeirões. Mas dava-se ares de chefe do grupo. «Belo lugar para vir ver uma final, Lisboa. Bom tempo. Viagem barata, trinta e cinco libras». E emborcava mais cerveja diretamente do gargalo da garrafa. Sim, Lisboa bonita e barata para britânicos nesse Maio de 1967 – capital europeia da cerveja. 

Perante a invasão escocesa, os adeptos do Inter passavam despercebidos. Contagiados por toda a alegria que tinham trazido na bagagem e pelos vapores etílicos, os rapazes do Celtic se sentiam-se invencíveis. A despeito do golo de Sandro Mazzola, logo aos 7 minutos, de grande penalidade, deram a volta ao resultado com golos de Gemmel (63m) e de Stevie Chalmers (84). Alegria redobrada. Para os simples amantes do jogo era a queda de Helenio Herrera e do seu embirrento catenaccio.

Os jogadores do Celtic que venceram essa Taça dos Campeões Europeus ficaram conhecidos por Os Leões de Lisboa. Os seus apaniguados ficaram conhecidos por terem festejado por toda a madrugada e esgotado os stocks de cerveja e de uísque da capital. Há quem diga, na pilhéria, que muitos ainda andam por aí, perdidos de bêbados, sem saber como voltar para casa…

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