Beirute. Exército admite pouca esperança em encontrar sobreviventes

Comissão Europeia vai enviar mais 30 milhões para o Líbano. Unicef estima que foram afetadas cerca de 100 mil crianças.

As esperanças estão a diminuir para encontrar sobreviventes no porto de Beirute, cinco dias depois das duas explosões que atingiram a capital libanesa. O anúncio foi feito pelo exército do Líbano. “Após vários dias de operações de busca e salvamento, podemos dizer que encerramos a primeira fase, aquela que oferece a possibilidade de encontrar pessoas vivas. Continuamos a ter esperança, mas, como técnicos que trabalham no terreno, podemos dizer que a esperança de encontrar pessoas vivas está a diminuir”, indicou o coronel Roger Khouri, chefe do regimento de engenheiros militares, em conferência de imprensa.

Esta catástrofe já levou a ministra da Informação libanesa a anunciar a sua demissão. Manal Abdel Samad pediu ainda desculpas aos libaneses pelo “enorme desastre” ocorrido em Beirute. “Peço desculpas aos libaneses, não correspondemos às vossas expectativas”, acrescentou, justificando a decisão com a falha do governo em fazer as reformas necessárias e com a explosão que abalou a capital, na terça-feira.

Ajuda financeira

O secretário de Estado norte-americano já veio garantir que os Estados Unidos desconhecem a origem das duas explosões que causaram, pelo menos, 158 mortos e mais de seis mil feridos. “Alguns de nós especulamos com o que poderia ter acontecido, se um carregamento de armas do Hezbollah. Poderia o Hezbollah… Uma instalação onde se fabricavam armas? Quem sabe?”, disse Mark Esper.

Ainda este domingo, na abertura da videoconferência internacional de doadores, o Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu “agir com rapidez e eficácia” para que a ajuda “vá muito diretamente” para a população libanesa.

O chefe de Estado também pediu às autoridades libanesas para “agirem para que o país não se afunde e para responderem às aspirações que o povo libanês exprime com legitimidade nas ruas de Beirute, neste momento. Todos juntos temos o dever de fazer tudo para que a violência e o caos não prevaleçam”.

Recorde-se que, a Comissão Europeia anunciou que vai enviar mais 30 milhões de euros para o Líbano, que se juntam aos 33 milhões de euros já alocados para cobrir as necessidades mais urgentes.

De acordo com o executivo comunitário, o novo financiamento será canalizado através das agências das Nações Unidas, organizações não-governamentais (ONG) e organizações internacionais, estando sujeito a um rigoroso controlo.

Crianças afetadas

A Unicef estimou que cerca de 100 mil crianças tenham sido afetadas pelas explosões, apesar de admitir que os números ainda serem “confusos”, e aproveitou para alterar para a urgência em ajudar a atenuar as suas necessidades mais imediatas.

Segundo a diretora de Comunicação e Alianças Privadas da Unicef, estas crianças estão a sentir “o trauma do horror vivido” a que se soma a situação de crise económica e a pandemia de covid-19 que atravessava o país antes da explosão, e, por isso, defendeu que a necessidade de proteger a infância nestes momentos é urgente.

De acordo Raquel Fernández, estas crianças estão a sentir “o trauma do horror vivido” a que se soma a situação de crise económica e a pandemia de covid-19 que atravessava o país antes da explosão, e, por isso, defendeu que a necessidade de proteger a infância nestes momentos é urgente. Estas crianças estão a sentir “o trauma do horror vivido” a que se soma a situação de crise económica e a pandemia de covid-19 que atravessava o país antes da explosão, e, por isso, defendeu que a necessidade de proteger a infância nestes momentos é urgente.

Segundo esta porta-voz da Unicef, neste momento, as prioridades centram-se na compra de provisões de saúde e ‘kits’ de higiene e água, e no apoio do programa de juventude pelo qual os jovens voluntários ajudam a limpar ruas e casas e a preparar e distribuir comida para as famílias mais vulneráveis.

Manifestação

Este sábado decorreu uma manifestação após as explosões no porto da cidade. Um agente da polícia libanesa morreu e cerca de 200 pessoas ficaram feridas. De acordo com a Cruz Vermelha libanesa, das duas centenas de feridos, perto de 120 receberam assistência hospital no local e 55 foram encaminhados para o hospital. O polícia morreu após cair no fosso de um elevador, quando estava a ser perseguido pelos protestantes.

Grupos de jovens lançaram pedras e paus e a polícia utilizou gás lacrimogéneo para os dispersar, sem sucesso, tendo-se verificando confrontos violentos entre as duas partes. Os manifestantes, liderados por oficiais reformados, tentaram invadir vários ministérios da cidade, sendo que chegaram a conseguir entrar no Ministério dos Negócios Estrangeiros na capital libanesa, onde queimaram um retrato do Presidente Michel Aoun.