Covid-19. Máscara na rua? É necessária uma “avaliação ponderada”

A Ordem dos Médicos aconselhou o uso obrigatório de máscara  em espaços públicos abertos em Portugal continental.  A DGS garante ser necessário tornar a medida sólida.

Num dia em que Portugal registou mais três mortes e 154 novos casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas – de acordo com o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) -, a Ordem dos Médicos recomendou a utilização de máscara na rua em Portugal continental, tal como já acontece no arquipélago da Madeira.

“Recomendamos equacionar a utilização da máscara facial em espaços públicos abertos e de acordo com a avaliação do risco local, sem prejuízo da adoção das outras medidas de prevenção da transmissão e contribuindo para a proteção de outros vírus respiratórios”, pode ler-se em comunicado, enviado após uma reunião extraordinária do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a covid-19. No entanto, o subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, avançou esta segunda-feira, na conferência de imprensa sobre a atualização dos números de covid-19, que é necessário fazer uma “avaliação ponderada e tecnicamente sólida” para consolidar essa medida também em Portugal continental.

“A melhor evidência disponível é muitas vezes contraditória de uns autores para outros. Não há decisões definitivas num momento de grandes incertezas, como ocorre relativamente à evolução desta pandemia quer em Portugal, quer em todo o mundo”, sublinhou, garantindo, porém, que a DGS está a ouvir todos os seus “peritos” e “todas as entidades” que possam ser uma ajuda para antecipar todas as estratégias implementadas. “Temos aprendido com os erros”, atirou Rui Portugal.

Mas não foi só esta medida que a Ordem dos Médicos recomendou para evitar a propagação da pandemia. A realização precoce de testes de diagnóstico a contactos de alto risco de casos de covid-19 é também uma sugestão, bem como a antecipação da vacinação contra a gripe. “Recomendamos também antecipar a vacinação contra a gripe e a possibilidade de prescrição em receita com validade até ao final do ano”, rematou a Ordem dos Médicos, explicando também que é importante aproveitar as temperaturas mais elevadas durante o verão, a dispersão populacional e o encerramento das escolas para “maximizar a eliminação da atividade viral”.

Estas sugestões, recorde-se, surgem numa altura em que a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, passou a ter dois novos subdiretores-gerais: um deles, o médico Rui Portugal, que esteve esta segunda-feira presente na conferência de imprensa – substituindo Diogo Cruz, que regressou ao Hospital de Santa Maria -, e a administradora hospitalar Vanessa Gouveia – substituta de Catarina Sena, que faleceu em abril, vítima de doença prolongada.

164 surtos ativos de norte a sul do país
ortugal tem 164 surtos ativos de covid-19, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo (84). De acordo com o boletim diário da DGS, a segunda zona mais fustigada é a região Norte, com 41 surtos, seguindo-se o Algarve, com 16, o Alentejo, com 13, e a zona Centro, com dez surtos.

Um dos surtos diz respeito a um lar no Porto que viu aumentar esta segunda-feira o número de casos confirmados, de 44 para 46 infetados – 34 residentes e 12 profissionais da residência sénior Montepio. Já no lar de São José, no Barreiro, existem 31 residentes infetados e 14 profissionais, cinco deles internados em ambiente hospitalar.

No total, 545 utentes de 72 lares de idosos e 200 profissionais desses mesmos lares estão infetados, de acordo com os dados apresentados pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.