Hong Kong. Libertação de Jimmy Lai pode ser o início de um problema maior

Depois das detenções, o futuro dos meios de comunicação deste território é um grande ponto de interrogação.

A detenção por conluio com um país estrangeiro não parece ter intimidado Jimmy Lai, magnata dos média de Hong Kong. Após ser libertado, na terça-feira, o empresário apelou aos jornalistas para não desistirem.

“Continuemos a lutar!”, disse numa curta declaração transmitida em direto pelo jornal através das redes sociais. “Temos o apoio dos habitantes de Hong Kong, não podemos abandoná-los”.

Lai, que tinha sido detido na segunda-feira ao abrigo da nova lei de segurança nacional, foi recebido com aplausos na redação do jornal Daily Apple. Esteve 40 horas sob custódia policial e foi libertado sob caução.

No vídeo pediu aos jornalistas que mantenham o tom que despertou a ira da China, mas reconheceu que está a tornar-se “cada vez mais difícil” gerir um grupo de imprensa em Hong Kong. “Mas temos de continuar o nosso trabalho”, acrescentou. “Felizmente, não fui enviado para o Continente [China continental]”, brincou.

Alguns especialistas estão preocupados sobre o que esta detenção pode representar para o futuro da liberdade dos meios de comunicação. Jason Chao, responsável pelo Grupo de Investigação Macau, alertou para o perigo de estas limitações à liberdade de imprensa se estenderem a Macau.

“Não podemos isolar Macau das políticas chinesas nem do que acontece com Hong Kong”, disse Chao durante uma conferência online. A partir de Londres, defendeu que, “muito provavelmente, as autoridades de Macau ou da China” vão adotar a mesma atitude com os média do território.

“Atualmente, são livres de noticiar o que querem, mas mais cedo ou mais tarde vão tirar-vos essa liberdade”, previu, remetendo para um caso em dezembro do ano passado, quando uma equipa da RTP em Macau, ao regressar de uma reportagem em Hong Kong, foi retida para “identificação e interrogatório”.

O ativista avisa que “o Governo chinês não gostou da forma como a imprensa em língua inglesa e portuguesa em Macau noticiou os protestos do ano passado em Hong Kong”.