Presidente pede “tolerância zero” para atos racistas. Partidos solidários com deputadas ameaçadas

Marcelo alerta que é preciso “estar atento às campanhas e escaladas que é fácil fazer”. Partidos solidários com deputadas ameaçadas pela extrema-direita.  

O Presidente da República defendeu, ontem, firmeza e “tolerância zero” para atos racista. Marcelo Rebelo de Sousa alertou que é preciso encarar estes fenómenos com “inteligência” e deixou um apelo aos democratas para que sejam “muito firmes nos seus princípios e ao mesmo tempo sensatos na defesa dos princípios”.

O Presidente da República reagiu às ameaças de um movimento de extrema-direita dirigidas a três deputadas e a ativistas contra o racismo. Marcelo lembrou que “a nossa Constituição é muito clara e o direito penal também no combate ao racismo, prevendo o caráter criminoso das atuações que traduzem a violação do princípio que consta da Constituição, a recusa do racismo”.

O Presidente da República não se limitou a condenar os atos promovidos pela extrema-direita e alertou que é preciso “estar atento às campanhas e escaladas que é fácil fazer a propósito de temas sensíveis na sociedade portuguesa. Tem que se ser firme na condenação, respeitar a atuação do Ministério Público e estar atento em relação à instrumentalização e manipulação desses temas que tem sido noutros países uma forma de radicalizar a vida política e debilitar a democracia”. 

O Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, também manifestou «um enorme sentimento de repúdio”. 

Numa mensagem publicada no site oficial do Parlamento, Ferro Rodrigues defendeu que “este tipo de atos racistas e fomentadores do ódio” merecem “a mais veemente condenação de todos os democratas e da Assembleia da República”. 

O Governo, pela voz de Mariana Vieira da Silva, também condenou as ameaças feitas a políticos e ativistas. A ministra de Estado e da Presidência considerou que “é uma ameaça à própria democracia” e lembrou que “a tentativa de condicionamento politico de representantes eleitos é crime”.

A SOS Racismo recebeu na quarta-feira um email em que é dado um prazo de 48 horas para que dez pessoas abandonem Portugal. Mamadou Ba é um dos alvos das ameaças da extrema-direita. Mariana Mortágua, Beatriz Gomes Dias, do Bloco de Esquerda, e Joacine Katar Moreira também foram ameaçadas. O Ministério Público confirmou ontem ao i que já abriu um inquérito a “todos factos que vieram a público nos últimos dias”. 

Todos os partidos políticos reagiram à notícia que acabou por marcar o dia. O PS considera que “este tipo de acontecimentos são intoleráveis na sociedade portuguesa. Duarte Marques, do PSD, disse à TSF que “é uma ameaça inadmissível que, para nós, é um caso de polícia, além de revelar uma grande cobardia”. O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, defendeu que “grupelhos” de extrema-direita com “as suas agendas racistas, xenófobas e violentas, não podem ser tolerados em Portugal”. O PCP considera que “a situação exige uma intervenção determinada e firme, a começar pelas autoridades, de combate às ações de confronto com valores e princípios democráticos e com a própria Constituição da República”.

Já André Ventura lamentou que ninguém fique “alarmado” quando o Chega é ameaçado e “quando são estes coitadinhos toda a gente chora e grita”.