Défice das balanças corrente e de capital agrava-se para os 1985 milhões no primeiro semestre

No primeiro semestre, o défice da balança de bens diminuiu 1623 milhões de euros face ao período homólogo, enquanto o excedente da balança de serviços decresceu 3555 milhões de euros. “Esta redução foi maioritariamente justificada pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica de viagens e turismo, de 3027 milhões de euros”, explica o BdP.

O saldo conjunto das balanças corrente e de capital foi negativo em 1985 milhões de euros no primeiro semestre, o que compara com os 1662 milhões de euros negativos do mesmo período de 2019, divulgou esta quarta-feira o Banco de Portugal (BdP).

Em junho, o saldo da balança corrente e de capital foi positivo: 507 milhões de euros (54 milhões em junho de 2019), refere o BdP em comunicado. Segundo o banco central, o saldo verificado até junho "resulta dos défices das balanças de bens e de rendimento primário, que foram apenas parcialmente compensados pelos excedentes das balanças de serviços, de rendimento secundário e de capital".

No primeiro semestre, o défice da balança de bens diminuiu 1623 milhões de euros face ao período homólogo, enquanto o excedente da balança de serviços decresceu 3555 milhões de euros. "Esta redução foi maioritariamente justificada pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica de viagens e turismo, de 3027 milhões de euros", explica o BdP.

Nos primeiros seis meses do ano, as exportações de bens e serviços decresceram 22,8% (16,5% nos bens e 34,8% nos serviços) e as importações diminuíram 18,1% (17,3% nos bens e 22%% nos serviços), acrescentou.

Em junho, as exportações e as importações de bens e serviços registaram decréscimos face ao mês homólogo de 2019 (de 25,9% e 23,4% respetivamente), destacando-se a redução do saldo das viagens e turismo em 967 milhões de euros, em resultado de um decréscimo de 78,7% nos créditos e de 57,4% nos débitos.

No primeiro semestre, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se em 1268 milhões de euros relativamente ao período homólogo, para -1.848 milhões de euros. "A diminuição do défice foi, em grande medida, justificada pela redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residente ", justifica o BdP.

O excedente da balança de rendimento secundário decresceu 96 milhões de euros, em resultado do aumento do pagamento de transferências correntes ao exterior, por comparação com o período homólogo.

Por seu turno, o saldo da balança de capital cresceu 439 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, em resultado sobretudo de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários.

Até junho, o saldo da balança financeira registou uma diminuição dos ativos líquidos de Portugal face ao exterior no valor de 2476 milhões de euros.

Segundo o BdP, "este decréscimo resultou principalmente do aumento de passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema, da redução de ativos das sociedades não financeiras em empréstimos concedidos intra-grupo e em créditos comerciais concedidos, e do investimento de não residentes em títulos de dívida pública portuguesa".

Em oposição, acrescenta, verificou-se um aumento de ativos dos bancos e das sociedades de seguros sobre entidades não residentes, nomeadamente em títulos de dívida emitidos por países pertencentes à união monetária.