Bebé de quatro meses que morreu com covid-19 nasceu com “cardiopatia muito grave”

A criança morreu no hospital D. Estefânia, em Lisboa, onde estava internada. Tinha sido infetada por “transmissão familiar”.

Na conferência desta quarta-feira, que contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, e a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, foram abordados vários assuntos como a morte de uma bebé de quatro meses infetada com covid-19 no país, os surtos nos lares de idosos espalhados por Portugal, como o lar do Barreiro, o de Torres Vedras e o de Odivelas, e ainda a investigação ao lar de Reguengos de Monsaraz.

As governantes começaram por falar sobre o óbito da menina de quatro meses, a primeira morte em Portugal de uma criança com menos de dez anos e a vítima mortal mais nova de sempre no país. Segundo Marta Temido, a bebé nasceu com uma "cardiopatia muito grave". No entanto, "a causa foi codificada como uma morte por covid", explicou Graça Freitas. "Trata-se de uma criança com uma patalogia de base muito grave, nasceu com uma cardiopatia congénita bastante grave e, obviamente, a situação da covid levou a uma agravamento desta patologia e ao aparecimento de uma consequência cardíaca que é muito descrita internacional, e nacionalmente, nos casos muito graves que é o aparecimento de uma miocardite", disse. A causa da morte foi “choque séptico”, acrescentou, mas o “óbito foi dado como [causado pela] covid-19” pela codificadora da Direcção-Geral “mais reputada, com formação dada pela Organização Mundial de Saúde”.

A criança morreu no hospital D. Estefânia, em Lisboa, onde estava internada e tinha sido infetada através de "transmissão familiar". O outro óbito foi um homem de 80 anos no Centro Hospitalar do Barreiro – no Montijo.

Em relação ao número de surtos no país, a ministra da Saúde afirma que existem 152 surtos ativos, dos quais 74 na região de Lisboa e Vale do Tejo. Registam-se ainda 44 surtos na região Norte, 6 no Centro, 15 no Alentejo e 13 no Algarve.

Questionada sobre a situação vivida nos lares com casos de covid-19, Marta Temido garante que a situação está a "evoluir positivamente" apesar de continuar a ser uma das maiores preocupações do Governo. "Até ao final do mês está prevista a visita a quase 1000 lares – de um universo de 2600 que a o ministério tem conhecimento – e "já se realizaram 500 visitas", disse Marta Temido, explicando que estas visitas tem como objetivo "antecipar os problemas" das instituições.

Existem 69 estruturas residenciais para idosos com casos positivos de covid-19, correspondentes a 563 utentes e 225 profissionais de saúde infetados. Há ainda registo de um doente infetado numa estrutura da rede nacional de cuidados continuados integrados. "Já chegámos a ter 365 entidades onde havia casos positivos, 2.500 utentes infetados e mais de 1.000 funcionários infetados", recorda marta Temido. 

Sobre o lar de Reguengos de Monsaraz, acusado de não cumprir com as normas da Direção-Geral da Saúde, o Ministério da Saúde está a investigar a situação e "as responsabilidades que possam vir a ser apuradas relativamente a esta situação sê-lo-ão em sede própria", frisou a ministra.  "O ministério da Saúde, com os documentos que recebeu, acionou a sua estrutura inspetiva, pedindo a avaliação das responsabilidades dos intervenientes na área da Saúde, porque é essa a nossa tutela".