‘Toda a gente confunde Marcelo com o Governo. Desiludiu-me’

Líder da Juventude Popular lamenta que o Presidente da República tenha levado a ‘esquerda ao colo’. Francisco Mota prevê uma crise política, mas não quer alianças com o Chega quando a direita voltar ao poder. ‘Tem atitudes inaceitáveis’, diz.

Rui Rio admitiu conversar com o Chega para uma eventual coligação se André Ventura se tornasse mais moderado. O CDS já fez várias coligações com o PSD. Como vê a hipótese de entendimentos com o Chega?

Vejo essa possibilidade com preocupação, não pelo CDS enquanto partido, mas pelos portugueses, porque a forma como este partido se tem apresentado não é de um partido de Governo e confiável. Alterna a sua ação entre um radicalismo populista e atitudes inaceitáveis do seu líder.

 

Quer dar algum exemplo?

Quando se dirigiu na Assembleia da República a deputadas negras mandando-as para a sua terra. O centro-direita democrática não pode perder energias a tentar traçar cenários para chegar ao poder a todo o custo, deve antes, sim, procurar responder às dificuldades com que o país, empresários e instituições se veem a braços. Portugal precisa de uma direita comprometida com o futuro das novas gerações e não com as próximas eleições. 

 

Teme que o CDS venha a perder eleitorado para o partido de André Ventura?

O CDS não tem que temer sondagens, se assim fosse, já não existia. Somos um partido fundador da democracia, com uma carta de princípios e valores que os portugueses conhecem e podem confiar. Não somos um partido de um homem só, temos uma implantação autárquica de referência, humanista, comprometida com as pessoas e das contas certas. O CDS não é um cheque em branco, é a grande casa do centro-direita, seja ela conservadora, democrata-cristã ou liberal. Esta é a hora de fazer os portugueses voltarem a acreditar no nosso partido como a voz moderada, responsável e alternativa ao socialismo e à ditadura de opinião que vivemos atualmente. Ainda esta semana recebi ameaças de todo o tipo, insultos baratos, apenas por ter defendido a não autorização da Festa do Avante! e ter iniciado um abaixo-assinado nesse sentido. Mas desde já asseguro, não tenho medo, nem vergarei em algum momento, porque a liberdade não tem preço e o valores são invioláveis. 

 

O que pretende fazer com o abaixo-assinado contra a realização da Festa do Avante!?

Pretendo entregá-lo em mão ao primeiro-ministro, a quem já pedi uma audiência, porque é nas mãos do Governo e só do Governo que está a decisão da realização da Festa do Avante! nos moldes em que está anunciada. O Governo tem que escolher: ou garante um Portugal unido, sem fragmentações, com um enquadramento comum para todos, sem regimes de exceção para partidos, salvaguardando o bem-estar social e a mais elementar igualdade; ou cede à pressão imprudente do Partido Comunista dando sinais contraditórios e assim perdendo toda a autoridade moral e política, se consentir a uns o que não autoriza a outros.

 

Leia o artigo na íntegra na edição impressa do SOL. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.