A solidão de António Costa

O ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, que se tornara a grande estrela do Governo, pôs-se ao fresco antes que as coisas ficassem feias. 

O ar de autossuficiência que o primeiro-ministro António Costa exibe é um mero disfarce.

E aquele sorriso que quase sempre afivela não espelha o que lhe vai na alma: isso percebe-se quando lhe estala o verniz e se torna arrogante, agressivo ou mesmo insultuoso.

É preciso ver que António Costa é hoje um homem muito só – e não sabe como poderá enfrentar a tempestade que aí vem com o naipe de ministros de que dispõe.

O ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, que se tornara a grande estrela do Governo, pôs-se ao fresco antes que as coisas ficassem feias. Fez o seu brilharete, ganhou estatuto europeu, apresentou um Orçamento com défice zero – e não quis ficar associado ao período em que tudo o que construiu se poderá desmoronar.

Comeu a carne – e deixou o osso para o seu sucessor.

Augusto Santos Silva, que tinha condições para ser um grande número dois – pela sua inteligência e tato político –, também não parece disposto a queimar-se na luta do dia-a-dia. Resguardado na pasta que mais protege os ministros – a dos Negócios Estrangeiros –, pois permite uma postura institucional e o ‘desaparecimento’ em alturas críticas, atira umas ‘biscas’ de vez em quando, para mostrar que está comprometido com o conjunto do Governo, mas logo se afasta quando as coisas aquecem.

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