Campanha sem comícios e arruadas

Eleições nos Açores estão marcadas para dia 25 de outubro. PS e PSD preparam campanha eleitoral adaptada à pandemia. Eventos que envolvem muitas pessoas estão excluídos. 

Campanha sem comícios e arruadas

As eleições legislativas regionais dos Açores já estão marcadas para dia 25 de outubro. A campanha eleitoral começa no dia 11 de outubro e os partidos estão a tentar adaptar-se às regras impostas pela pandemia. Um dos principiais receios é que a abstenção possa aumentar ainda mais por causa da pandemia. Nas últimas eleições, quase 60% dos eleitores ficaram em casa. 

Os socialistas estão há 24 anos no poder e Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional e candidato a um terceiro mandato, vai bater-se por renovar a maioria absoluta. A campanha não será como as outras. "Há aqui um misto, que é por um lado a mensagem de que as pessoas devem participar e, ao mesmo tempo, evitar ao máximo o contacto social que possa colocar em risco a saúde das pessoas", afirma Francisco César, coordenador da campanha eleitoral do PS/Açores.

Os socialistas admitem que não será possível fazer uma campanha tradicional e não vão promover eventos que envolvam a participação de muitas pessoas. A aposta será mais nas redes sociais e menos em iniciativas como as arruadas e os jantares-comício.

Os contactos de rua serão mais restritos e com a garantia de que todos os envolvidos cumprem o distanciamento social e usam máscara. 

 

PSD troca brindes por gel desinfetante 

O PSD também está a preparar uma campanha diferente. Haverá, por exemplo, menos brindes e os candidatos vão oferecer pequenos frascos de desinfetante para as mãos aos eleitores. Será uma "campanha de proximidade, mas com distanciamento social e as regras normais do tempo", disse, esta semana, em conferência de impressa, o secretário-geral do partido, Luís Pereira. 

O PSD tenciona promover contactos com a sociedade civil, mas "cumprindo com todas as regras das autoridades de saúde". Os eventos que possam envolver muitas pessoas também estão excluídos desta campanha eleitoral. "Os nossos outdoors são as nossas ideias, são o nosso programa de Governo, que será apresentado publicamente em breve. O PSD é uma alternativa credível e preparada para liderar a região nos próximos quatro anos", garantiu Luís Pereira. 

José Manuel Bolieiro, que foi eleito para a liderança do PSD/Açores há menos de um ano, será o candidato à presidência do Governo Regional. A intenção dos sociais-democratas é apresentar um "projeto alternativo ao Partido Socialista que governa a Região Autónoma há 24 anos".

Convencer os açorianos a sair de casa para votar é um objetivo de todos os partidos. Mota Amaral, em declarações ao i, esta semana, defendeu que "tudo depende da capacidade dos intervenientes nas campanhas eleitorais e da própria substância das propostas", 

O antigo presidente do Governo Regional, entre 1976 e 1995, espera que "os candidatos apresentem propostas suficientemente mobilizadoras para que os eleitores se desloquem às urnas para votar no dia das eleições". 

 

Votar com máscara e sem partilhar canetas

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) quer passar a mensagem de que votar é seguro. Já se conhecem algumas das medidas que vão ser aplicadas no dia das eleições para proteger todos os envolvidos. Máscaras nas assembleias de voto, viseiras, álcool gel, regras de distanciamento e evitar partilhar canetas são algumas das restrições que vão ser aplicadas. "Vão ser tomadas todas as medidas que garantam não só a segurança dos eleitores como das pessoas que estarão a trabalhar nas mesas e envolvidas no processo eleitoral", garantiu o porta-voz da CNE.

João Tiago Machado defendeu, numa visita aos Açores, que a pandemia não pode servir de justificação para não votar. "Há sempre um pretexto. Ou estava chuva, ou estava um excelente dia de sol e as pessoas foram para a praia. Não podemos desculpar-nos com o risco da pandemia e isso justificar um aumento da abstenção". 

 

Carlos César não recebe lições vindas do Bloco

A campanha ainda não começou, mas a troca azeda de palavras entre Carlos César e os bloquistas mostra que as eleições estão próximas. O Bloco de Esquerda não gostou de ouvir o ex-presidente do Governo Regional dizer que os Açores "são menos pobres do que se diz e as famílias têm mais rendimentos do que as estatísticas aparentam".

As afirmações foram feitas pelo presidente do PS num evento da Juventude Socialista e foram classificadas pelo BE/Açores como infelizes. "As palavras de Carlos César não passam de uma tentativa de encobrimento grosseiro da realidade e do desastre que tem sido a política de distribuição de rendimentos da governação do PS que tem acentuado a pobreza". 

Carlos César, que se tem envolvido em algumas polémicas com os bloquistas, respondeu na sua página do Facebook com a garantia de que não recebe "lições de combate à pobreza nos Açores vindas do BE". 

O presidente dos socialistas explica que se limitou a constatar quilo que "é observável por qualquer pessoa e também o devia ser por todos os partidos, incluindo o BE/Açores". Ou seja, existe "muita economia informal e rendimentos de trabalho não declarados nas nossas ilhas, pelo que os indicadores e as estatísticas divulgadas, incluindo as das situações de pobreza, não correspondem por inteiro à realidade".