Pelo direito à diferença

O que se passa na atualidade com a disciplina de Educação para a Cidadania e Desenvolvimento é exatamente a mesma coisa, sendo que a religião aqui é outra, ou nenhuma, e a moral idem aspas, ou amoral. Varia de professor para professor, de escola para escola, de região para região. Não há critério.

Um grupo de mais de uma centena de personalidades – com destaque natural para o ex-Presidente Cavaco Silva, o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e o cardeal patriarca D. Manuel Clemente, mas também Adriano Moreira, José Ribeiro e Castro, David Justino, Manuel Braga da Cruz ou Sérgio Sousa Pinto – subscreveu um manifesto pelo fim da obrigatoriedade das aulas de Educação para a Cidadania e Desenvolvimento na sequência do insólito chumbo de dois irmãos numa escola de Famalicão que se recusaram a frequentar as aulas da dita disciplina.

O manifesto teve muito pouco destaque na turbina de informação que nos consome todos os dias, hora a hora, minuto a minuto.

Por junto, mereceu reações descabeladas da extrema esquerda, com os desavindos Rui Tavares, do Livre, e Joacine Katar Moreira, ex-Livre, a sobressaírem.

Curiosamente, o Livre ainda há poucos anos pugnava pela erradicação da disciplina de Educação Moral e Religiosa do currículo opcional das escolas.

Há quarenta anos, na década de 80 do século passado, fez caminho a demanda da extrema esquerda e da esquerda autoproclamada moderada contra o ensino de Moral e Religião nas escolas públicas, mesmo como disciplina opcional, porque, alegavam e com toda a razão, a Constituição postula um Estado laico e não discriminador das religiões e, objetivamente, tratava-se de uma discriminação positiva a favor da Religião e da Igreja Católica Apostólica Romana.

E a disciplina de Moral e Religião passou a opcional antes de acabar, já neste século, por praticamente deixar de fazer parte dos curricula das escolas do segundo e do terceiro ciclos.

O que se passa na atualidade com a disciplina de Educação para a Cidadania e Desenvolvimento é exatamente a mesma coisa, sendo que a religião aqui é outra, ou nenhuma, e a moral idem aspas, ou amoral. Varia de professor para professor, de escola para escola, de região para região. Não há critério.

Não importa.

Importa, sim, ter presente que a Escola não serve para educar os meninos, as meninas e terceiros géneros.

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