Escolas só fecham em ‘caso extremo’

Diretora-geral da Saúde garante que medidas serão o mais cirúrgicas possível. Referencial foi publicado esta sexta-feira. 

A diretora-geral da Saúde garantiu esta sexta-feira que só em casos extremos serão encerradas escolas por causa da covid-19, sendo que o princípio perante casos em alunos, professores e outros funcionários serão medidas o mais localizadas e cirúrgicas possível. 

O referencial sobre a atuação das escolas e serviços de saúde perante casos suspeitos e confirmados de covid-19 acabaria por ser divulgado algumas horas mais tarde e já está agora disponível para escolas e pais. Graça Freitas adiantou no entanto na conferência de imprensa habitual sobre a covid-19 que caso as crianças tenham febre ou outros sintomas compatíveis com o novo vírus, mas que nos meses que se avizinham poderão ter outras causas, a primeira indicação aos pais é de que não devem ir à escola, um apelo reforçado mais de uma vez.

Deverão depois contactar o SNS24, que fará a primeira triagem da situação. Caso o quadro de sintomas seja considerado pelos enfermeiros uma caso suspeito de covid-19, será seguido o protocolo para a requisição do teste e nesse caso os pais devem informar a escola, que por sua vez deve informar a autoridade de saúde local. Seguir-se-á um “inquérito rápido” à escola para se perceber se há outros alunos, indicou a diretora-geral da Saúde, adiantando também que até se saber o resultado do teste outras crianças poderão precisar de ficar em isolamento profilático por precaução. Não foi especificado se o isolamento profilático poderá acontecer na escola ou se os pais terão de as ir buscar caso ocorram este tipo de situações.

Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, sublinha que é importante os circuitos serem conhecidos e percebidos por todos o quanto antes, até porque algumas escolas abrem já na próxima semana. E também creches e jardins de infância já estão a funcionar. O médico considera que o papel dos pais será essencial neste período, mas defende que além da comunicação entre famílias e escolas deve haver circuitos formais que sinalizem os casos que tenham diagnóstico laboratorial positivo e que sejam garantidos os meios suficientes para que sejam realizados os inquéritos, antevendo que com outros vírus respiratórios em circulação – e sendo o quadro de sintomas da covid-19 frequente no inverno – poderão existir um número significativo de situações de ‘falso alarme’. 

“Acho que faz sentido que os pais devam avisar a escola por uma questão de agilidade e a escola responder de imediato, mas depois terá de haver um caminho formal do diagnóstico”, diz o médico, exemplificando que poderão existir situações até de falha de comunicação que importa acautelar. “Tive um conhecimento de uma situação recentemente em que a família avisou a creche de que o teste tinha sido positivo, mas na realidade veio a perceber-se depois que tinha sido negativo. Não terá havido particular incómodo a não ser para os encarregados de educação, mas importa que os circuitos sejam ágeis mas também robustos e fiáveis".

 

Alunos com mais de 38º de febre em isolamento 

No referencial conhecido ao final do dia, que estará sob consulta pública uma semana, uma das orientações é que caso uma criança surja com sintomas nas escolas, deve ser colocada em isolamento e contactados de imediato os encarregados de educação, que deverão ligar para o SNS24 ainda na escola. Caso isso não aconteça, a DGS diz que as escolas devem alertar a Autoridade de Saúde Local. Sempre que um aluno tiver febre na escola igual ou superior a  38º C devem ser iniciados os procedimentos de gestão de caso, com o isolamento da criança, mesmo tratando-se de um sintoma inespecífico.