Festa do Avante gerou paixões

Os católicos fizeram bem, na minha opinião de católico, em não ouvirem certas vozes suas, e deixarem que os especialistas em questões sanitárias tratassem do assunto. Como se viu em Fátima, onde alguns talvez esperassem um milagre.

por Pedro d'Anunciação

Quer-me parecer que a Festa do Avante gerou paixões que eu cada vez menos entendo. O normal seria os anticomunistas quererem ver toda a gente do PCP ali acumulada, a procurar morrer. Antes parecia ser sobretudo a extrema-direita que estava contra as medidas sanitárias contra a Covid, mas agora unem-se-lhe muitos dirigentes do PCP (embora de forma mais retórica do que real).

Devo dizer que não entendo mesmo nada as posições apaixonadas contra e a favor desta Festa do Avante. Contra parecem estar sobretudo aqueles que achavam ser esta uma maneira de atacar o Executivo. E de caminho criticavam a pouca segurança do PCP, sobretudo os mais cépticos relativamente a medidas sanitárias.

E os que se mostraram a favor? Do PCP, parece que as reacções são mesmo políticas e retóricas, para estar contra os que estão contra si, e depois aceitou a bem todas as recomendações da DGS.

Já se viu que o Governo tem evitado proibir organizações religiosas e políticas, embora aceite as recomendações sanitárias – que nem têm sido demasiadas para ninguém. Os católicos fizeram bem, na minha opinião de católico, em não ouvirem certas vozes suas, e deixarem que os especialistas em questões sanitárias tratassem do assunto. Como se viu em Fátima, onde alguns talvez esperassem um milagre (e logo os que menos seriam bafejados por tal sorte), fizeram até muito bem.

O PCP gosta de mostrar um músculo retórico, que parece não corresponder à sua verdadeira posição. E como certamente não conseguiria vender tantos bilhetes como noutros anos, esta ‘guerrinha’ até lhe deu jeito.

Mas será que a ‘guerrinha’ fez sentido? Para os outros