Falso tratamento para a covid-19 deixa mais de 20 pessoas intoxicadas em Espanha

O Instituto Nacional de Toxicologia espanhol recebeu este ano, o triplo dos pedidos de consulta por ingestão deste medicamento, relativamente a todo o ano de 2019.

Miracle Mineral Solution – MMS – é um “remédio” supostamente milagroso vendido na Internet há pelo menos dez anos. Promete curar desde cancro a autismo e agora também o novo coronavírus. A verdade é que o MMS não é nenhum remédio mas sim uma susbtância à base de clorito de sódio.

Entre abril e junho, os piores meses da pandemia até agora, o Instituto Nacional de Toxicologia espanhol recebeu 26 pedidos de consulta por intoxicação devido ao uso desse “medicamento”. Em 2019, tinham sido registados apenas oito casos.

O jornal espanhol ABC refere que o consumo de MMS subiu de tal forma que o Instituto de Toxicologia emitiu um comunicado a alertar os cidadãos para a “toxicidade do produto, composto em 28% por clorito de sódio, nocivo para a saúde”.

A associação americana Food and Drug Administration (FDA) chegou a lançar um alerta em dezembro de 2019 afirmando que quem consumisse este produto estaria a “beber lixívia”. As instruções do “medicamento” dizem para os consumidores o misturarem com ácido cítrico, como sumo de limão, antes de o tomarem. Quando esta mistura é feita torna-se “dióxido de cloro, um poderoso agente branqueador”, explica a FDA.

Alguns sites de venda deste produto garantem que vómitos e diarreia são sintomas normais depois da sua ingestão e a prova de que este está a funcionar. A FDA diz que isto é mentira fazendo referência a bulas do MMS que incentivam as pessoas a consumir dizendo que é “a coisa mais pura de todas que pode vir a tomar”.

A substância foi “descoberta” por Jim Humble que até fundou a sua própria igreja, a “Genesis II da Saúde e da Cura”. Em agosto deste ano foi detido o co-fundador e atual líder da igreja, Mark Grenon assim como os seus filhos. O motivo foi o fabrico e venda de um falso medicamento. A acusação, feita na Flórida, diz que a família vendeu milhares de garrafas de MMS, tendo chegado a ganhar 102 mil euros por mês durante os meses da pandemia.

Dado que a substância é vendida na Internet, pode ser comprada em Portugal. Já foi, porém, proibida no Canadá, Holanda, Nova Zelândia e Irlanda.