O esquisito do Novo Banco

E mais surpreendente que tudo, o PSD estar a apelar ao Ministério Público para fazer um inquérito sobre o da Deloitte. É que me parece que o MP pode ser por cá muito sério, mas não o recordo por tirar muitos coelhos da cartola em investigações (que normalmente, nos casos mais mediáticos, nem acabam em…

por Pedro d'Anunicação

Como muitos esperavam, a auditoria da Deloitte sobre o Novo Banco não terá revelado nada de estranho. Todos os Bancos cedem o crédito mal parado, nomeadamente o imobiliário, com grandes descontos (para se tornar atractivo) a outras empresas. Por isso, a Banca, principal implicada no Fundo de Resolução, não tinha dito nada. Podia haver, como se diz, hipervalorizações.

De  qualquer modo, poderíamos achar estranho que a cedência fosse feita a ‘amigos’ da Casa.

Mas há coisas mais esquisitas (no sentido português de ‘estranho’): o BE, e sobretudo o PS, quererem agora nomear comissões parlamentares para apreciarem a matéria (embora a do PS pretenda sobretudo atacar a administração de Ricardo Salgado, aproveitando de resto o relatório da Deloitte); o Banco de Portugal, agora encabeçado pelo ex-ministro das Finanças Mário Centeno (talvez não demasiado amado pelos deputados do PS, que no entanto se mostram dispostos a defendê-lo), não querer mandar para o Parlamento o inquérito na íntegra (baseando-se no argumento do Segredo de Justiça) – claro que ele saberá que o omitido é o que desperta maior curiosidade mais vontade de desvendar –, mas enviando outro que o seu antecessor retivera.

E mais surpreendente que tudo, o PSD estar a apelar ao Ministério Público para fazer um inquérito sobre o da Deloitte. É que me parece que o MP pode ser por cá muito sério, mas não o recordo por tirar muitos coelhos da cartola em investigações (que normalmente, nos casos mais mediáticos, nem acabam em condenações, para além das que se fazem antes publicamente, e não têm valor em tribunal).

Entretanto, os donos do Novo Banco, continuam a mostrar-se satisfeitos com os ‘saques’ aos contribuintes portugueses, manifestando vontade de manter o actual presidente à sua frente.