Covid-19. Casos ativos voltam a passar a barreira dos 16 mil

Número de casos confirmados num dia já não era tão elevado desde abril e casos ativos estão a aumentar a um ritmo superior à semana passada. Governo aperta hoje regras perante uma tendência considerada esperada.

A epidemia de covid-19 no país voltou ontem a passar a barreira dos 16 mil casos ativos, o que já não acontecia desde maio. A tendência é crescente desde o início de agosto, mas acentuou-se nos últimos dias, o que significa que o número de doentes recuperados vai sendo cada vez menor do que os novos doentes em acompanhamento. Só desde segunda-feira, descontando os doentes que tiveram alta ou testes negativos para sair de isolamento em casa, há mais 760 pessoas em acompanhamento. Nos primeiros três dias da semana passada, a subida tinha sido de apenas 344 casos ativos. O número de internamentos tem estado a aumentar, mas está ainda num patamar baixo, em que não existe pressão sobre os hospitais. No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por exemplo, havia ontem 30 doentes internados com covid-19, estando dedicadas à pandemia apenas uma enfermaria e uma sala de cuidados intensivos.

Segundo a última análise do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), a epidemia está numa fase crescente e o número de casos reportados esta quarta-feira parece confirmá-lo. No espaço de 24 horas foram confirmados 686 novos casos, o número mais elevado desde 20 de abril. Depois da subida desde meados de agosto, os números ficam acima da tendência das últimas semanas, em que têm sido registada uma média de 350 casos diários. Será necessário esperar pelos próximos dias para perceber se a subida segue esta tendência ou se continuam a existir oscilações, como tem acontecido nas últimas semanas.

 

Governo diz que esperava aumento

Na conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde sobre a evolução da covid-19, após questões da imprensa sobre a subida no número de casos, a secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, sublinhou que a maioria dos contágios têm acontecido em contexto familiar e considerou que os números se encontram dentro do que é expetável nesta fase. Não foram, no entanto, dadas projeções do que é considerado esperado nesta altura. “Não é um número que nos deixe felizes nem satisfeitos. O que importa dizer é que com o regresso pós-férias, reinício das escolas, o Governo já estava expetante que esse número tendesse a aumentar e, por isso, pré-anunciou novas medidas, que serão decididas em breve, acionando um novo período de contingência em todo o país, exatamente porque a dinâmica de novos casos tem de ser assumida como uma realidade da retoma”, disse Jamila Madeira. As medidas serão anunciadas esta quinta-feira. O Conselho de Ministros está agendado para a parte da manhã. Com o regresso do estado de contingência poderão ser reduzidos os horários do comércio e, se for seguida a linha dos últimos meses, deverão ser fixados limites para os ajuntamentos, que durante o estado de contingência prolongado em Lisboa foram reduzidos a dez pessoas e durante o estado de calamidade foram de apenas cinco pessoas nas freguesias com mais casos, uma localização de medidas que vigorou na Área Metropolitana de Lisboa e que não tornou entretanto a ser feita, mas poderá colocar-se nos próximos meses, em que o Governo tem apontado para medidas de precisão. O primeiro-ministro voltou esta semana a afastar, já por duas vezes, o cenário de um novo confinamento, o que já tinha feito em julho. “Esse é um não cenário, não podemos voltar a parar”, reforçou ontem.

A redução do número de contactos na população e, em particular, na comunidade estudantil – a recomendação deixada pelos especialistas na reunião da última terça-feira para evitar uma segunda vaga – é um dos elementos em cima da mesa do Conselho de Ministros, numa altura em que 1,2 milhões de crianças regressam às escolas, mas também muitas pessoas voltaram aos seus locais de trabalho. O teletrabalho deixou de ser obrigatório em junho e é sempre uma hipótese em aberto, bem como reduções de lotações ou alargamento do uso de máscara.

 

Reserva Estratégica reforçada

Ainda não foi divulgada a estratégia integrada do Ministério da Saúde para o outono/inverno. A ministra Mariana Vieira da Silva indicou no final de agosto que as medidas preparadas poderiam ser implementadas a partir de 15 de setembro, pelo que também poderá haver novidades sobre essa matéria esta quinta-feira. Ontem, a secretária de Estado da Saúde anunciou que foi lançado um concurso para reforço da reserva estratégica nacional com equipamentos de proteção, no valor de 20 milhões de euros.