Nem no 11 de setembro o mundo teve tanto medo

A economia derrapa em todo o lado, milhões de pessoas vão ficar desempregadas e os mais velhos desaparecem mais cedo, pois são os mais vulneráveis ao raio da covid-19. Se com o 11 de setembro as pessoas ficaram assustadas, com a pandemia estão a ficar sem rumo.

Fez ontem 19 anos que uns fundamentalistas em nome de Alá derrubaram as Torres Gémeas, em Nova Iorque, depois de terem sequestrado aviões que lançaram contra os icónicos edifícios. Na altura, muito se falou que o mundo nunca mais seria o mesmo, devido ao medo que se instalara.

Se o coração do mundo, onde todos os povos estavam representados, onde os maiores génios, excêntricos e bandidos conviviam livremente, fora atacado, quem é que se sentiria seguro a partir desse momento? O mundo ocidental temeu que se estivesse perante uma guerra religiosa e que os fanáticos de Alá nos obrigassem a pensar e viver como eles. Afinal, se tinham conseguido atacar os EUA, a maior potência militar, quem é que estaria a salvo?

Como em tudo na vida, o mundo foi-se recompondo à medida que o tempo foi passando, embora as companhias aéreas tenham levado longos anos a recuperarem o negócio que tiveram até ao 11 de setembro de 2001. Certo é que a segurança nos aeroportos se alterou para sempre e o tempo até ao embarque aumentou consideravelmente. Viajar passou a ser uma chatice de longas filas para passar por detetores de metais e afins. Mas se os velhos passageiros estranharam as alterações, os novos nem deram por elas, pois as companhias low cost apareceram em força ao mesmo tempo que nasceram esses novos viajantes.

A seguir aos atentados do 11 de setembro, e depois de todas as borradas cometidas no Médio Oriente, o mundo acordou em 2008 para uma crise económica que há muito não se via. Nos anos seguintes, a crise bancária mandou milhões de pessoas para o desemprego e muitos outros milhões viram o seu poder de compra diminuir drasticamente.

Quando se estava a sair dessa crise, eis que surge o raio de um vírus que ninguém vê, mas que se torna mais assustador do que os atentados do 11 de setembro ou da crise de 2008. E o novo coronavírus é sinónimo de quê? Do medo, que é capaz de paralisar sociedades inteiras e que ameaça tornar-se mais prejudicial à vida do que qualquer ataque fundamentalista.

A economia derrapa em todo o lado, milhões de pessoas vão ficar desempregadas e os mais velhos desaparecem mais cedo, pois são os mais vulneráveis ao raio da covid-19. Se com o 11 de setembro as pessoas ficaram assustadas, com a pandemia estão a ficar sem rumo. Ninguém sabe como vai ser o dia de amanhã e o anúncio do fecho de fronteiras faz-nos pensar que estamos em estado de guerra.

 

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