Ventura em guerra aberta

Ventura traça como meta ficar à frente de Ana Gomes e assume que menos do que isso significa que foi ‘fraco na liderança’. Socialistas condenam ataques do Chega à diplomata.

André Ventura já tinha traçado uma meta ambiciosa com a garantia de que iria disputar a segunda volta com Marcelo Rebelo de Sousa. Após o lançamento da candidatura de Ana Gomes foi mais longe e prometeu demitir-se da liderança do partido que fundou se a ex-eurodeputada do PS conseguir mais votos.

Questionado pelo SOL sobre se mantém a intenção de se demitir no caso de não conseguir ficar à frente de Ana Gomes, o líder do Chega diz apenas que essa hipótese «é tão impossível de acontecer» que significaria que foi «fraco na liderança».

A verdade é que André Ventura ficou colado à afirmação que fez e aumentou a fasquia daquilo que pode ser considerado um bom resultado. Ao mesmo tempo lançou duros ataques contra a ex-dirigente socialista. «Ana Gomes será a pior candidata de sempre à presidência da República: histérica, obcecada com os seus inimigos de estimação, amiga das minorias subsidiodependentes, entra na corrida apenas com o objetivo de evitar a minha vitória. Demitia-me da liderança do Chega se ficasse à minha frente. Não acontecerá!», escreveu, nas redes sociais, o candidato com o apoio do Chega.

Ventura classificou Ana Gomes como «a candidata cigana». O líder e deputado do Chega justificou essas afirmações por Ana Gomes estar ao lado dos «subsidiodependentes» e por apoiar «os que recebem e não os que trabalham».

A página de Facebook do deputado do Chega está recheada de ataques a Ana Gomes e a Marisa Matias. «Já tínhamos a candidata dos subsidiodependentes, agora temos a candidata dos perseguidos e dos coitadinhos. Será que só a minha candidatura representa os portugueses comuns, as pessoas normais, os que trabalham e pagam impostos?», escreve André Ventura, no dia em que Marisa Matias lançou a candidatura a Belém.

As afirmações do presidente do Chega sobre Ana Gomes levantaram um coro de protestos, mesmo entre aqueles que não apoiam a diplomata. Renato Sampaio, ex-deputado socialista, foi uma das vozes que apelou ao eleitorado para «avaliar este miserável comportamento e nas urnas tomar a decisão correta».

Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, também criticou os «discursos claramente populistas», No programa Circulatura do Quadrado, na TVI, a socialista criticou a forma como o candidato do Chega se dirigiu a Ana Gomes e Marisa Matias. «Não são termos admissíveis em democracia. O grande risco destas eleições presidenciais é que o discurso populista ganhe corpo».

 

Ventura propõe referendo sobre redução de deputados

O Chega vai apresentar um projeto de resolução, na Assembleia da República, a propor a realização de um referendo sobre a redução do número de deputados.

O diploma pretende que os portugueses sejam consultados sobre se concordam com «a redução do número de deputados à Assembleia da República para o número mínimo constitucionalmente previsto, garantindo impreterivelmente a representatividade de todos os distritos e regiões autónomas».

O Chega defende que o Parlamento devia ter apenas 100 deputados, mas a Constituição define um mínimo de 180. «A questão a referendar tem de ter, por isso, este limite como referencial jurídico normativo», refere o diploma. Para o Chega, «a representatividade política tem de se compatibilizar com a vontade popular».