António Costa Silva. Portugal deve apostar em centrais de biomassa

O consultor lembra quando “há uma epidemia como esta não é o mercado que nos vai salvar. É o Estado”, chamando a atenção para “a importância dos serviços públicos”. 

Para o paraministro Portugal deve apostar em centrais de biomassa, sobretudo para dinamizar o interior do país. "Isto é uma rutura com a nossa cultura, a nossa civilização transforma recursos em lixo a uma velocidade sem precedentes na história. Temos de transformar lixo em recursos e isso pode ser uma excelente oportunidade", defende António Costa Silva, durante a apresentação da "Visão Estratégica" para o plano de recuperação 2020/2030. 

De acordo com o responsável, toda a visão estratégica há uma visão de defesa da economia circular e no tratamento de resíduos. “As preocupações que foram expressas são sobre o modelo das centrais, mas já tivemos experiências no passado que não foram boas com as grandes centrais e o desperdício que foi acumulado e, por isso, o modelo que defendo é de pequenas centrais que possam dinamizar toda a vida no interior, fixar população e criar riqueza”. E chama a atenção para o facto de este modelo estar em vigor nos países nórdicos e entende que pode ser um “modelo extremamente benéfico para o país”. 

"Vamos piorar antes de começar a melhorar"

O consultor lembra quando "há uma epidemia como esta não é o mercado que nos vai salvar. É o Estado”, chamando a atenção para “a importância dos serviços públicos”. E vai mais longe: “Este vírus mudou a natureza da incerteza, alargou essa incerteza”.

“Vamos piorar antes de começar a melhorar. Para isso é preciso usar todos os trunfos do país”, afirma Costa Silva, que fala ainda da crise climática. “Podemos negociar com as organizações sindicais, com as Troikas deste mundo, mas não podemos negociar com a natureza”.

Para o gestor, este é um debate que vai ser travado agora, sublinhando que "a esmagadora maioria do povo português percebe" a importância dos serviços públicos e o investimento que é preciso fazer "em toda a galáxia" dos serviços do Estado.

A administração pública foi, aliás, uma das áreas que recebeu mais contributos durante o período de discussão pública do plano de Costa Silva que decorreu em agosto.

"Nós temos uma Administração Pública muito orientada para a emissão de pareceres e pouco orientada para a resolução dos problemas, temos de mudar essa cultura", defendeu Costa Silva.

“Precisamos de um setor turístico forte”

Ao contrário da apresentar em julho, António Costa Silva agora defende que “precisamos de um setor turístico forte”, considerando que é “absolutamente vital”, mas que “deve ser sustentado”.

Para o consultor não há dúvidas: “Precisamos de um setor turístico forte, mas combinado com os produtos de alto valor acrescentado. Sabemos fazer, sabemos responder, o que nos falta são as competências institucionais. Falhamos na gestão, na internacionalização, na venda de produtos, na integração nas cadeias de valor”.

Esta garantia surge depois de o consultor ter sido alvo de fortes críticas por parte dos responsáveis do setor por considerarem que a atividade tinha sido ignorada.

Esta apresentação representa uma espécie de adenda ao plano que já tinha sido apresentado pelo consultor em julho. Depois da discussão pública, o documento recebeu mais de mil contributos e agora apresentou a versão final do documento que assenta em dez eixos iniciais.

O documento será a base do esboço de recuperação económica que o Executivo terá de entregar até outubro à Comissão Europeia, como requisito para acesso aos fundos do plano europeu de recuperação. Além disso, muitas destas ideias já poderão estar incluídas no próximo Orçamento de Estado.

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