Pinto da Costa critica Governo: “Estão a caminhar para ficar na história como os carrascos do desporto nacional”

O presidente dos dragões diz não compreender a diferença entre um evento desportivo e um evento musical ou tauromáquico.

O facto de as autoridades de saúde portuguesas ainda não terem permitido o regresso dos adeptos aos estádios é um dos assuntos que mais polémica tem gerado no mundo desportivo. E o presidente do FC Porto não foi excecção na crítica à decisão do Governo. 

Num editorial intitulado "O futebol asfixiado", na edição de setembro da revista Dragões, o líder dos dragões afirma que o atual Governo caminha "para ficar na história como os carrascos do desporto nacional". "No momento em que está prestes a arrancar uma nova temporada, os sentimentos não podiam ser mais contraditórios. O entusiasmo pelo regresso é grande, como sempre, mais ainda por ostentarmos orgulhosamente os títulos de campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal. A vontade de voltar a entrar em campo e construir novos triunfos não podia ser maior. Mas também não é possível esconder a desilusão pela aberração que continua a ser a ausência de público nas bancadas, uma decisão que prejudica todos: os adeptos, os jogadores, os clubes, o país no seu conjunto", aponta Pinto da Costa. 

O presidente dos dragões diz não compreender a diferença entre um evento desportivo e um evento musical ou tauromáquico. "Enquanto no futebol, no andebol, no basquetebol, no hóquei em patins e no voleibol os eventos têm de ser realizados à porta fechada, assistimos todos os dias nos telejornais a imagens que só nos podem espantar. As praças de touros do Sul de Portugal estão quase cheias. Os concertos de música e espetáculos de comédia têm plateias preenchidas. Também não falta gente às iniciativas políticas dos partidos e as grandes cerimónias religiosas", acusa. 

Para Pinto da Costa, o regresso aos estádios por parte dos adeptos é possível  e aponta para a realidade de outros países: "É possível, como já se demonstrou, retomar alguma normalidade em atividades que implicam ajuntamentos, desde que sejam definidas regras claras, que a esmagadora maioria da população cumpre com zelo. Também pode ser assim no futebol e noutras modalidades, como se tem visto em França e noutros países".

Na visão do presidente do FC Porto, as autoridades portuguesas  no que toca ao desporto, "são ignorantes e oportunistas". "Ignorantes, porque não sabem reconhecer a importância social e económica de atividades que envolvem milhões de pessoas, como espectadores e como praticantes, que pagam muitos milhões de euros em impostos e que contribuem para o prestígio do país. E são oportunistas porque há certos momentos em que nunca faltam. Seja nas finais da Taça, nos jogos da seleção ou nas alturas em que se assinala algum feito relevante de um desportista português, lá estão sempre os políticos prontos para aparecer e para se colarem ao sucesso que a maior parte das vezes não ajudaram a construir. Nos momentos difíceis, quando em causa pode estar a sobrevivência de centenas de clubes e a continuidade da prática desportiva por milhares de pessoas, fazem de conta que não é nada com eles e só agravam a asfixia que podiam mitigar",  acusa ainda o dirigente.