DGS “não sabe” de onde surgiu o número 55 mil para lotação do Santuário de Fátima

Graça Freitas explicou que as autoridades de saúde ainda não deram nenhum parecer sobre a quantidade máxima de pessoas que poderão estar presentes no Santuário de Fátima para a peregrinação de 13 de outubro e considera que não possa haver 55 mil pessoas dentro do recinto com o número de casos a aumentar no país.

A conferência de imprensa das autoridades de saúde desta quarta-feira, sobre o balanço diário da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, contou com a presença da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e da ministra da Saúde, Marta Temido. Foram abordados vários assuntos como o 13 de outubro, o acordo firmado esta quarta-feira sobre o aumento do número de testes do SNS e os mais de 60 jovens belgas que testaram positivo à covid-19 depois de terem estado em Albufeira, no Algarve. 

Questionada sobre a peregrinação programada para o dia 13 de outubro ao Santuário de Fátima, Graça Freitas diz que as autoridades de saúde portuguesas ainda não receberem nenhum pedido nem nenhum plano de contingência e nega ter aceite 55 mil pessoas no Santuário como já foi comunicado em alguns orgãos de comunicação social. "A DGS não sabe de onde surgiu o número de 55 mil pessoas. Não nos parece expectável, numa situação de contingência, que seja possível o número de 55 mil pessoas no santuário. Aguardaremos poder colaborar com o santuário mas para isso precisamos de diálogo e colaboração", afirma a diretora-geral da Saúde. 

Outro dos assuntos abordados foi o jogo de futebol, marcado para este sábado, entre o Sporting e o Gil Vicente, depois de vários jogadores dos leões, incluindo o treinador, Rúben Amorim, ter testado positivo ao novo coronavírus. Graça Freitas afirma que quem irá decidir se o jogo se deve realizar é a autoridade de saúde local que pode, eventualmente, contar com o apoio regional ou nacional, se achar necessário. ""Se houver é um adiamento do jogo, não é parar a primeira liga, os outros jogos continuarão a realizar-se. Neste momento, os colegas de Barcelos, que acompanham o Gil Vicente, e de Lisboa, com o Sporting, estão a ver se é possível manter o jogo ou ser adiado. Estamos a acompanhar muito de perto", aponta a responsável. 

Graça Freitas falou ainda sobre a diminuição do período de isolamento, de 14 para 10 dias, algo que outros países, como por exemplo Espanha, já fizeram. Esta questão está a ser estudada em colaboração com infecciologistas mas será apenas tomada quando existir uma garantia de "segurança". 

Os jornalistas presentes na conferência de imprensa questionaram ainda a diretora-geral da Saúde sobre terem sido detetados 67 casos positivos do novo coronavírus em jovens belgas que estiveram de férias em Albufeira, no Algarve. A DGS aponta que o grupo viajou em conjunto, "de forma organizada e partilharam o mesmo alojamento". Segundo Graça Freitas, não é garantido que os jovens tenham sido infetados em Portugal. "Não há nenhuma garantia que tenha sido a partir de um residente em Portugal que partiu a infeção", afirma a responsável. "As autoridades de saúde do Algarve vão proceder a uma análise retrospetiva e encontrar o caso índice."Sabemos que os organizadores da viagem já admitiram que os jovens não cumpriram as regras", acrescentou. 

A DGS assumiu ainda que será publicado um novo referencial da DGS para os eventos de massa em Portugal. Irão existir regras para "cada tipo de evento", dependendo do número de pessoas envolventes. Até ao momento, não há registo de casos positivos que tenham sido originados por eventos de massa no país, de acordo com a diretora-geral da Saúde.