Vai tudo ficar sabe-se lá como…

Se por ‘tudo bem’ entendermos que tudo se irá resolver, independentemente de como, até nos podemos aproximar de algo real. Mas bem é que não estamos.

Acho que já todos percebemos que a frase ‘Vai ficar tudo bem’ é uma afirmação positiva e motivadora que teve como objetivo tentar lidar com o pior (e tem aí o seu mérito), mas que não corresponde à realidade. 
Se por ‘tudo bem’ entendermos que tudo se irá resolver, independentemente de como, até nos podemos aproximar de algo real. Mas bem é que não estamos.
Não querendo ser pessimista, interessa-me apenas tentar olhar para tudo com o realismo possível e o bom senso de perceber que muitas terão que ser as adaptações, aos mais diversos níveis.
Olhando para o universo das marcas e das suas estratégias que é o mote da minha escrita aqui a incerteza (tal como em muitos outros setores) é palavra-chave. Em reuniões atrás de reuniões os cenários são difusos, há planos a/b e até c, e é comum terminarmos com ‘ é o que sabemos à data, o resto vamos vendo’. Uma dúvida que nos assola a todos e que no caso das marcas pode influenciar toda a sua estratégia de comunicação e investimento. 
Obviamente jogamos com o que temos e as marcas apostam as fichas em picos de consumo como Regresso aulas, Black Friday e depois Natal. Sempre sem nunca esquecer o momento que estamos a passar, as restrições das próprias lojas e da própria mobilidade dos consumidores, continuando o e-commerce a revelar-se uma boa solução.

Mas no pano de fundo as marcas olham também para o papel que podem ter numa eventual segunda vaga ou situação de ‘pseudo-confinamento’. Já passaram por isso uma vez e de que forma poderão agora mais intensamente estar próximo dos Portugueses. Seja com promoções, novos serviços, ações de responsabilidade social, de que forma podem as marcas ser ainda mais relevantes neste contexto. Já percebemos pela amostra que tivemos em março que só quem se conseguir reinventar e adaptar terá os melhores resultados possíveis dentro de tudo o que não controla. Hoje em dia cada vez mais o foco no consumidor e nas suas expectativas. Num momento em que também a palavra expectativa ganha maior importância… o que fazer quando não se sabe bem o que esperar?

É nisto que andamos todos a trabalhar… agarrando as oportunidades e desenhando histórias credíveis , de acordo com a realidade. Cada vez mais marcas próximas e assentes no real porque para fantasia já basta todos este filme surreal em que de repente todos estamos mergulhados. 
Mais do que nunca a estratégia de comunicação tem de ser transparente e relevante e só assim as marcas conseguirão fazer esta travessia e quem sabe daqui a uns anos ter um case para mostrar.
A história mostra que é muitas vezes nos tempos difíceis que a criatividade e o engenho humano se destacam… acreditemos nisso e foquemo-nos não em ficar tudo bem, mas em ficar tudo o melhor possível. Para todos.

Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment