BdP. Balança de pagamentos com saldo negativo de 1,7 mil milhões até julho

Entre janeiro e julho, o défice externo quase triplicou devido, sobretudo, ao decréscimo de mais de cinco mil milhões do saldo da balança de serviços, em comparação com os primeiros sete meses de 2019. Perda de 4,3 milhões na rubrica de viagens e turismo justifica resultados.

O saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em julho em -1.698 milhões de euros, o que compara com -605 milhões de euros em igual período de 2019, segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal (BdP).

Entre janeiro e julho, o excedente da balança de serviços fixou-se nos 4,2 mil milhões de euros, quando, nos primeiros sete meses do ano passado, o saldo positivo havia atingido os 9,27 mil milhões de euros – uma redução de cinco mil milhões de euros que se justifica, sobretudo, pelo decréscimo acentuado de 4,3 milhões do saldo da rubrica de viagens e turismo.

Apesar de as contas externas terem piorado, verificou-se uma melhoria na balança de bens, com as exportações a caírem menos que as importações. “Nos primeiros sete meses de 2020, apesar do contributo negativo para o saldo, o défice da balança de bens diminuiu 2615 milhões de euros face ao período homólogo”, refere o relatório do BdP.

Até julho, as exportações de bens e serviços decresceram 23,3% (15% nos bens e 38,4% nos serviços) e as importações diminuíram 18,8% (17,6% nos bens e 23,9% nos serviços). Em julho, as exportações e as importações de bens e serviços registaram decréscimos homólogos de 25,9% e 22,3%, respetivamente. Destacou-se a redução homóloga do saldo das viagens e turismo em 1262 milhões de euros, resultante de um decréscimo de 65,9% nos créditos e de 41,8% nos débitos.

O relatório do BdP acrescenta que, entre janeiro e julho, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se 1156 milhões de euros relativamente ao período homólogo, para -2259 milhões de euros. A diminuição do défice foi, em grande medida, justificada pela redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes. O excedente da balança de rendimento secundário decresceu 104 milhões de euros, o que ficou a dever-se a um aumento do pagamento de transferências correntes ao exterior, por comparação com o período homólogo. Por seu turno, o saldo da balança de capital cresceu 262 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, em resultado sobretudo de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários.

Até julho de 2020, o saldo da balança financeira registou uma diminuição dos ativos líquidos de Portugal face ao exterior no valor de 1736 milhões de euros. Este decréscimo decorreu sobretudo do aumento de passivos do BdPl junto do Eurosistema e do investimento de não residentes em títulos de dívida pública portuguesa. Em contrapartida, verificou-se um aumento de ativos dos bancos sobre entidades não residentes, nomeadamente em títulos de dívida emitidos por países pertencentes à União Monetária, e uma redução dos depósitos de não residentes nos bancos nacionais.