Portugal com défice orçamental de 5,4% no primeiro semestre devido à pandemia

O segundo trimestre foi o mais penalizador com o défice a disparar para 10,5% do PIB.

A pandemia levou Portugal a um défice de 5,4% do produto interno bruto (PIB) nos primeiros seis meses deste ano, revelou esta quarta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

“Considerando o conjunto do primeiro semestre de 2020, o saldo das AP [Administrações Públicas] fixou-se em -5,4% do PIB em 2020, o que compara com -1,2% em igual período de 2019”, revela o gabinete de estatística.

Recorde-se que houve um agravamento do défice nos primeiros três meses do ano. Segundo o INE, “o saldo das AP foi negativo no 2º trimestre de 2020, atingindo –4 858,2 milhões de euros (-10,5% do PIB, o que compara com -2,2% no trimestre homólogo)”.

O INE explica ainda que a capacidade de financiamento das famílias registou um aumento de 2,2 pontos percentuais para 4% do PIB no ano acabado no segundo semestre de 2020. Já a taxa de poupança aumentou para 10,6%, quando tinha sido de 7,5% no trimestre anterior. “Este resultado reflete sobretudo a diminuição de 3,7% do consumo final”.

O saldo das sociedades não financeiras agravou-se em 0,3 p.p. no 2º trimestre, fixando-se em -3,1% do PIB, “refletindo sobretudo a redução de 4,9% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) nominal”.

No segundo trimestre, em termos homólogos, foi verificado um aumento de 6,5% da despesa total e uma diminuição de 10,5% da receita total.

O gabinete de estatística diz também que, no lado da despesa, foi registado um crescimento de 5,8% da despesa corrente, “resultante de acréscimos nas prestações sociais (1,9%), nas despesas com o pessoal (2,6%), nos subsídios pagos (470,2%), traduzindo as medidas excecionais de apoio à atividade económica tomadas no contexto da pandemia covid-19, e na outra despesa corrente (14,1%)”.

Do lado da receita, o comportamento está relacionado com “a diminuição na maior parte das suas rubricas, nomeadamente nos impostos sobre a produção e a importação (-18,7%), nas contribuições sociais (-7,7%), nas vendas (-21,7%) e na outra receita corrente (-18,2%), explicadas pelo impacto negativo da pandemia de covid-19 sobre a economia, tendo os impostos sobre o rendimento e património aumentado 12,6%”, diz o INE.

Défice de 7% este ano Entretanto o Governo português prevê que este ano o défice atinja os 7%, segundo o reporte a Bruxelas que foi divulgado esta quarta-feira. Apesar de o valor estar acima dos 6,3% que constam no Orçamento Suplementar, está em linha com os valores que o ministro das Finanças tinha anunciado no mês de julho.