Moçambique. Governo português assume disponibilidade para ajudar

Face ao pedido de ajuda militar de Moçambique, Portugal participará na resposta europeia à crise em Cabo Delgado, assegurou o MNE ao i. 

Após Moçambique pedir formalmente apoio especializado no combate ao terrorismo à União Europeia, face à insurreição jiadista em Cabo Delgado, Portugal está disposto a participar na preparação e na aplicação da resposta europeia, garantiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros português ao i. O apoio militar pedido por Moçambique passa por “formação, logística para as forças de combate ao terrorismo, equipamentos de assistência médica em zonas de combate e capacitação técnica de pessoal”, lia-se na carta enviada pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo, ao Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e políticas de Segurança, Joseph Borrel. Ainda se espera por resposta concreta da UE, que chegará “no devido momento, como sempre”, nas palavras de Borrel.

Trata-se de uma decisão complicada. Por um lado, é cada vez mais óbvio que Moçambique não consegue lidar com a insurreição sozinho – em meados de agosto os jiadistas, que dão pelo nome de al-shabaab, tomaram Mocimboa da Praia, uma localidade chave no norte de Cabo Delgado, e as autoridades ainda lutam para a recuperar. Por outro, multiplicam-se as alegações de massacres e tortura pelas tropas moçambicanas e é fácil compreender que a UE tema dar-lhes formação. Como dizia um comunicado recente do Parlamento Europeu, “as ações bárbaras atribuídas à al-shabaab não devem ser enfrentadas com novas violações de direitos humanos pelas forças de segurança”.

No que toca a enviar tropas para formar militares em Moçambique, Portugal é uma escolha óbvia. Seja pela partilha da língua portuguesa, com todas as vantagens operacionais que isso acarreta, seja pela proximidade histórica entre os dois países. Aliás, há muito que existem programas para formação e apoio à polícia e aos guardas fronteiriços moçambicanos por Portugal. 

“A situação no norte de Moçambique evidentemente constituí uma preocupação para Portugal”, salientou o ministro dos Negócios Estrangeiro, Augusto Santos Silva, a semana passada. “Dado que Portugal vai assumir a presidência do Conselho da UE, não se espera outra coisa que não ainda maior atenção ao problema”.