CCDR. Uma guerra surda num negócio entre Costa e Rui Rio

Há autarcas locais que se queixam de não terem sido ouvidos nas escolhas que vão a votos no próximo dia 13.

Os autarcas elegem no próximo dia 13 de outubro cinco novos presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). O processo acabou por não ser completamente pacífico e no Alentejo, por exemplo, haverá dois nomes no boletim para presidir à CCDR Alentejo: Ceia da Silva (negociado entre PS e PSD) e Roberto Grilo, atual presidente da estrutura (conotado com o PSD). De facto, há autarcas que se queixam, em surdina, de não terem sido ouvidos nas escolhas e de terem recebido os boletins de subscrição das candidaturas dos presidentes sem mais, como se se tratasse de um mero caso burocrático.

Em Lisboa e Vale do Tejo, Teresa Almeida vai a votos para presidente da CCDR (já lá está) e, no boletim, também Joaquim Sardinha, autarca do PSD, se submete ao escrutínio de autarcas. A outra vice-presidência é de nomeação por parte do Governo e a escolha recaiu sobre José Alho, ex-vice-presidente da Câmara de Ourém, do PS. De realçar que os presidentes são eleitos por um colégio eleitoral de autarcas (vereadores, presidentes de câmara, deputados municipais), mas uma das duas vice-presidências é eleita apenas por presidentes de autarquias nas Comunidades Intermunicipais (CIM).

No Algarve, o socialista e ex-secretário de Estado José Apolinário vai submeter-se a votos no próximo dia 13 para presidente da CCDR, tal como o socialista José Pacheco (para uma das vice-presidências). Elsa Cordeiro, ex-deputada do PSD entre 2011 e 2015, será o nome indicado pelo Governo (mas resultou de um processo de negociação entre os dois maiores partidos).

A CCDR do Centro é a única que tem uma social-democrata que já foi dirigente partidária: Isabel Damasceno. Para uma das vice-presidências, o geógrafo Jorge Brito submete-se também a votos. Era até agora secretário executivo da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.

A norte, o antigo reitor da Universidade do Minho António Cunha (independente e uma escolha do PSD com a anuência do PS) vai a votos, tal como o social-democrata Beraldino Pinto, antigo autarca de Macedo de Cavaleiros (2002-2013). A indicação do lado do Governo para a outra vice-presidência vai recair em Célia Ramos, ex-secretária de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza.

As listas já estão fechadas desde o passado dia 23, mas há quem se queixe ao i pelo facto de os autarcas não terem sido ouvidos, designadamente do lado dos sociais-democratas.

De realçar que o autarca do Porto (e independente), Rui Moreira, já avisou que não irá votar neste processo de eleição indireta para as CCDR. “O nome foi negociado pelos principais partidos e só existe um candidato”, afirmou aos jornalistas, citado pelo Porto Canal este fim de semana. O autarca considerou que não estava em causa o nome de António Cunha, mas o processo: “Isto não são eleições”.