Em média, são assaltados 267 carros por mês em Lisboa

Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto são as que registam número mais elevado de furtos no interior de viaturas, segundo dados da PSP. 

Computadores, tablets, roupa, pastas com papéis, ou até mesmo compras do supermercado, são alguns dos materiais furtados do interior dos carros. No fundo, tudo o que estiver visível dentro de um veículo estacionado. E é nas zonas metropolitanas de Lisboa e Porto que se registam mais furtos deste tipo, adiantou a PSP ao i. 

Segundo os dados enviados, entre o primeiro dia do ano e o dia 30 de agosto, registaram-se na Área Metropolitana de Lisboa 2 142 e 958 furtos do interior de automóveis na Área Metropolitana do Porto. Em média, houve 267 assaltos a viaturas por mês na zona de Lisboa e 119 no Porto. No ano passado, durante o mesmo período, a média mensal de furtos no interior de veículos foi superior: 390 em Lisboa e 135 no Porto.

Como entram nos carros e o que levam

Segundo fonte oficial da PSP, este é “um crime de oportunidade” e não existe um padrão relativamente aos materiais furtados. Podem ser roubados computadores, telemóveis, tablets, roupa, carteiras, ou até mesmo compras de supermercado. Já aconteceu um assaltante partir o vidro de um carro para roubar uma pasta com papéis. Cadernos ou pastas são muitas vezes roubados e colocados mais tarde no lixo, uma vez que não serão úteis, nem rentáveis.

Os assaltantes escolhem ruas pouco movimentadas. E são cada vez mais os que utilizam o famoso pé de cabra, ou uma estrutura de metal semelhante, para partir o vidro. O método é simples e silencioso: colocam o pé de cabra entre o vidro e a borracha protetora do carro, o vidro estala e, a partir daí, empurram os pedaços de vidro e abrem a porta.

Além dos carros com objetos visíveis no seu interior, os assaltantes também procurar algum tipo de material escondido na mala, ou debaixo dos bancos. Num dos assaltos relatados ao i foi levado todo o equipamento informático que estava guardado na mala de dois carros, estacionados na mesma rua do Porto. Sobre a forma como os assaltantes atuam quando não há qualquer material visível existem várias teorias. Uma delas aponta para o uso de detetores de baterias – o que, segundo a PSP, não passa de um mito. “Que seja do nosso conhecimento, não há nenhum equipamento desse género que seja minimamente eficaz”, avançou fonte oficial da PSP.

No final do ano passado, a revista de tecnologia Wired explicou como está a mudar a forma de detetar materiais informáticos dentro dos carros, contando a história de uma funcionária da Amazon cujo carro foi assaltado. A mulher percebeu que, naquela zona, só os carros que tinham equipamentos informáticos no interior tinham sido roubados. Segundo avançou à revista norte-americana um especialista em cibersegurança, é possível que os assaltantes tenham utilizado scanners Bluetooth para detetar equipamentos informáticos. Este cenário parece não se aplicar a Portugal. Segundo o i apurou, os assaltantes operam em ruas com pouco movimento, tentando a sua sorte.

Fonte oficial da PSP diz que “sempre que considerado adequado, são constituídas equipas especialmente constituídas para lidar com incidências mais significativas, tanto a nível geográfico como temporal”. Exemplo disso foi o que aconteceu em São João da Madeira, distrito de Aveiro, onde foi criada uma equipa para investigar os furtos a interior de veículos. Agentes que circulavam à paisana durante a madrugada de quinta-feira conseguiram identificar dois jovens que assaltavam carros numa das avenidas da cidade, tendo, durante a perseguição policial, efetuado vários disparos que provocaram a morte de uma jovem que seguia no carro.

Esta segunda-feira, um homem foi identificado pela GNR de Vila Nova de Gaia por suspeitas do crime de furto em interior do veículo. Durante as buscas domiciliárias, a GNR encontrou um computador portátil. O suspeito, que tinha um mandado de detenção para uma pena de prisão efetiva de seis anos pela prática de dois crimes de homicídio na forma tentada e um crime de ofensas à integridade física, foi encaminhado para o Estabelecimento Prisional do Porto.