Self-made woman

Tal como o CR7, a Cristina também é uma marca registada. Um todo com princípio, meio e fim. Adorada por uns e odiada por outros. Ninguém fica indiferente à rainha do showbiz. Se vivesse nos Estados Unidos seria um excelente estudo de caso nas escolas de multimédia, tal como a Oprah ou a Ellen. 

Não vejo televisão. Tomei esta decisão há vários anos. Na altura vivia em Espanha e foi fácil desligar a caixinha mágica de uma vez por todas tal era a mediocridade dos programas. Regressei a França e continuo sem vontade de ligar o aparelho. Resisto à tentação mesmo quando vou de férias a Portugal. Talvez por isso não consiga acompanhar todos os faits-divers. Ainda assim, prefiro correr o risco. A nossa relação é impossível.
Até há pouco tempo pensava que se chamava Cristiana. Não sei porquê. Talvez por associá-la, de alguma forma, ao mundialmente conhecido jogador de futebol made in Portugal. Não sabia que cor tinham os seus olhos nem o seu cabelo. Se era casada ou solteira. Se tinha filhos ou sobrinhos. Muito menos que programa apresentava e em que canal. Ultimamente, vejo-a em quase todos os sites que consulto para ter notícias do meu país. A Cristina Ferreira é a estrela mais cobiçada do ofuscante meio televisivo. Esta mulher é um fenómeno!
Não estou a par das razões da mudança da SIC para a TVI e continuo sem conhecer o formato do seu registo televisivo. Quis saber mais, não sobre a profissional, mas sobre a pessoa. Se é que é legítimo dissociar uma da outra. Vi uma entrevista na internet onde assumiu que chegou a ganhar 500 euros por mês e deslocava-se ao trabalho com o carro do pai. Infelizmente, este fenómeno não é raro no nosso país. Continuam a ser muitos os que não chegam aos quatro dígitos no final do mês e que nem sequer têm a carta de condução. Espírito de sobrevivência a quanto obrigas!

Mas voltemos à Cristina. É tão importante que até tem direito a um programa com o seu nome. Passou a ganhar tão bem que até se tornou acionista com poder decisivo na TVI. Conseguiu um cargo importante e já está a fazer mudanças (radicais?) na casa que a viu nascer. Subiu a pulso sem ser ‘filha de’. Tiro-lhe o chapéu! Não terá sido demasiado gulosa? Se bastasse ser-se um bom cozinheiro para se gerir um restaurante… Mas quem sou eu para estragar o futuro prometedor da estrela mais brilhante do firmamento.
Tal como o CR7, a Cristina também é uma marca registada. Um todo com princípio, meio e fim. Adorada por uns e odiada por outros. Ninguém fica indiferente à rainha do showbiz. Se vivesse nos Estados Unidos seria um excelente estudo de caso nas escolas de multimédia, tal como a Oprah ou a Ellen. Estaria entre o grupo restrito de mulheres influentes convidadas para conferências e tertúlias informais. E faria parte da lista da Forbes. Ano após ano.

Confesso que só me lembro de duas apresentadoras na televisão portuguesa: Catarina Furtado e Bárbara Guimarães. Talvez até já se tenham retirado. Parei no tempo. Desconheço se o furacão Cristina se parece a alguma das citadas ou se se assume como uma mulher única e dona do seu nariz. Apostaria pela segunda hipótese, mas é provável que esteja enganada. A verdade é que conseguiu entrar no restrito mundo do espetáculo pela porta grande e parece ter sido capaz de se reinventar. Uma proeza! Não é preciso muito para se cair no esquecimento quando se é uma figura pública. A imagem projetada no pequeno ecrã fica sem brilho, desgastada.
Reconheço-lhe o mérito de ter voz (e que voz!) num mundo ainda liderado, maioritariamente, por homens. Aplaudo a sua garra e determinação. A Cristina é ambiciosa, audaz e ousada. Um bicho raro num país pequenino em (quase) tudo. Ela segue em frente, mesmo sabendo que o sucesso é um caminho solitário. E que as vitórias também são feitas de dissabores.