Travão a Rio na escolha de candidatos

Parecer do conselho de jurisdição retira espaço à direção para impor nomes às eleições autárquicas de 2021 em capitais de distrito.

Em junho a comissão política do PSD enviou para as estruturas do partido uma deliberação sobre as autárquicas de 2021 onde se determinava que os candidatos autárquicos às capitais de distrito seriam da «exclusiva responsabilidade» da direção de Rui Rio, ainda que em «diálogo» com as estruturas distritais e locais. Problema? Um militante do partido questionou o Conselho Nacional de Jurisdição e a resposta pode representar um revés para a equipa de direção do presidente social-democrata.

«Sem que haja uma alteração estatutária, não podem os órgãos do partido (CPN, CJN, Conselho Nacional, Congresso Nacional) criar discriminações negativas ou perdas de direitos que os Estatutos não consagraram» pode ler-se no parecer do Conselho de Jurisdição Nacional do partido, liderado por Paulo Colaço. Assim, se houver algum braço-de-ferro entre a direção e alguma estrutura distrital do PSD sobre o nome de algum candidato para uma capital de distrito, este parecer pode servir como argumento para resistir às imposições da comissão política nacional dos sociais-democratas (presidida por Rui Rio). De facto, a prática até aqui tem sido a de que só os nomes de candidatos autárquicos em Lisboa e no Porto são avocados pela liderança do partido. Com esta deliberação, de 15 de junho, essa avocação é alargada a todas as capitais de distrito, mesmo que as escolhas possam ser consensualizadas com as distritais. Mais, já há quem tenha preparado cartazes com candidatos autárquicos e possa ter de os retirar, de acordo com a deliberação de junho. Porém, tanto as distritais como as concelhias têm instruções para, apenas, definir nomes às autárquicas a partir de janeiro de 2021 (e após as eleições presidenciais).

Certo é que este parecer está a ser encarado pela direção do PSD com normalidade, apurou o SOL, até porque, apesar da deliberação da comissão política referir a palavra «exclusividade» nas escolhas dos candidatos para as capitais de distrito, todas as distritais e concelhias serão ouvidas. Por isso, pouco ou nada muda face a anteriores processos de preparação de eleições autárquicas. O tempo o dirá.

De realçar que no último conselho nacional do PSD, o líder social-democrata, Rui Rio, remeteu todas as decisões sobre autárquicas (incluindo coligações) a partir de janeiro do próximo ano.