Ministra admite que se esperam dias “complicados” e com “elevada pressão sobre o SNS”

No entanto, apesar da pressão esperada, a ministra da Saúde garante, mais uma vez, que os hospitais têm capacidade para responder à pandemia.

Ministra admite que se esperam dias “complicados” e com “elevada pressão sobre o SNS”

A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu, esta sexta-feira, em conferência de imprensa, que os próximos dias se anteveem complicados e colocarão o Serviço Nacional de Saúde (SNS) sob "elevada pressão". Ainda assim, a governante voltou a garantir que os hospitais têm capacidade para responder à pandemia e detalhou alguns aspetos sobre esta capacidade.

"O Ministério da Saúde quer dar um conjunto de notas. A primeira está relacionada com a capacidade instalada do SNS, em especial a capacidade hospitalar. Quero recordar, e sublinhar, que os hospitais do SNS têm uma capacidade total de 21 mil camas. Quero sublinhar que o número de camas disponíveis para internamento é dinâmico e relativamente flexível. Para efeitos de potencial resposta à pandemia, não se consideram as 21 mil camas, porque este número inclui camas em hospitais especializados. Para efeitos desta resposta potencial, consideram-se cerca de 19.700 camas. São sensivelmente 34% no Norte, 21% no Centro, 46% em Lisboa e Vale do Tejo, 4% no Alentejo e 5% no Algarve", explicou a ministra.

Marta Temido revelou ainda que neste momento está a ser montado um hospital de campanha anexo ao Hospital de Penafiel, devido ao aumento de casos no concelho nos últimos dias, e adiantou que o SNS investiu num programa vertical de aquisição de ventiladores. “Na primeira vaga da pandemia tínhamos 1142 ventiladores mecânicos, atualmente temos mais 749 distribuídos", disse.

A governante anunciou também que estão pré-reservados pela Cruz Vermelha Portuguesa um total de meio milhão de testes rápidos antigénios, que vão ser recebidos de forma faseada. Segundo a ministra, 100 mil testes rápidos chegam “na primeira semana de novembro”. "Quero destacar que o ministério da Saúde aceitou a disponibilidade da Cruz Vermelha portuguesa para o fornecimento de testes rápidos. Estão pré-reservados, pela Cruz Vermelha Portuguesa, um total de 500 mil testes. [Serão recebidos] Em tranches, fatias, porções, de forma faseada ao abrigo de um financiamento europeu. A primeira fase de entrega, 100 mil testes, será na primeira semana de novembro e serão utilizados nas condições definidas pela norma de estratégia nacional de testes para a SARS-CoV-2 em contexto de surtos", explicou.

Na mesma conferência, a ministra adiantou que os médicos de saúde pública vão ser pagos por horas extras. O pagamento será feito desde março deste ano.

Marta Temido revelou ainda que foram feitas várias recomendações no Conselho Nacional de Saúde Pública, ouvido esta tarde, nomeadamente a necessidade de reformulação do modelo de comunicação “com uma mais clara separação das linhas técnica e política”. A tutela pediu uma nova reunião com os especialistas para a próxima semana para “aprofundamento da agenda de análise das medidas que podem ser tomadas nesta fase tão distinta da primeira”.

Questionada sobre as medidas de restrição decretadas  em Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, a ministra afirmou que foi uma "combinação" de fatores."O que nos levou a tomar esta decisão prende-se com a incidência dos novos casos nos últimos sete e 14 dias, mas também com a velocidade de crescimento de novos casos nesta região e com a pressão que se está a sentir em termos de resposta de serviços de saúde. É uma análise combinada de aspetos numéricos e factores de capacidade de resposta e preocupação com a saúde desta população. São áreas geográficas com alta densidade população e temos um risco de transmissão dos mais altos do país", disse Marta Temido. 

A ministra revelou ainda que há 63 escolas com surtos de covid-19 ativos no país.