Lucro do BCP cai 45,9% para 146,3 milhões até setembro

Este resultado está “condicionado pelo impacto decorrente da pandemia provocada pela covid-19”, diz o banco liderado por Miguel Maya.

O BCP registou lucros de 146,3 milhões de euros até setembro. Trata-se de uma queda de 45,9% face ao mesmo período do ano passado. “O resultado líquido consolidado do cifrou-se em 146,3 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2020, que compara com 270,3 milhões de euros alcançados no período homólogo do ano anterior, encontrando-se esta evolução fortemente condicionada pelo impacto decorrente da pandemia provocada pela covid-19”, diz o banco liderado por Miguel Maya.

Nos primeiros nove meses deste ano, a instituição financeira constituiu imparidades (sobretudo para crédito) no valor de 550,7 milhões de euros, mais 46% do que no mesmo período do ano passado. E de acordo com o CEO, a “antecipação do impacto da pandemia” está relacionado com esse aumento das imparidades, mas também “o tema dos francos suíços”, relacionado com créditos na Polónia naquela moeda, “que levaram a um crescimento relevante das imparidades de 173,6 milhões de euros”, mais 46% nas imparidades e provisões.

Feitas as contas, o BCP concedeu mais de 125 mil moratórias no crédito às famílias e empresas, em contexto de pandemia, num total de quase 9 mil milhões de euros. Mas vamos a números. Para as famílias, foram concedidos 101 114 moratórias, num total de 4,2 mil milhões de euros e, deste montante, 91% diz respeito ao crédito à habitação. Já para as empresas, foram concedidas 23 909 moratórias num montante de 4,7 mil milhões de euros. Para Miguel Maya, o risco não está no fim das moratórias, mas “em retirar os apoios aos clientes antes de retomarem a atividade”. 

Além disso, foram disponibilizados mais de dois mil milhões de euros em linhas de crédito covid-19. 

As comissões líquidas totalizaram 518,1 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2020, "tendo o desempenho positivo alcançado pela atividade internacional sido totalmente absorvido pela redução verificada na atividade em Portugal", refere o banco.

Já  carteira de crédito (bruto) consolidada do BCP ascendeu a 56.147 milhões de euros em 30 de setembro de 2020, "evidenciando um aumento de 2,7% face aos 54.658 milhões de euros apurados na mesma data do ano anterior, devido sobretudo ao desempenho da atividade em Portugal, mas beneficiando também do crescimento, embora mais modesto, registado na atividade internacional", enquanto os recursos totais de clientes alcançaram os 83.284 milhões de euros no mesmo período, o que reflete um crescimento de 3,9% face ao período homólogo. 

Custos controlados

Miguel Maya garantiu, no entanto, que os custos operacionais foram “muito controlados apesar de todos os custos adicionais de mudanças dos postos de trabalho, adaptação da organização, teletrabalho, máscaras, gel, divisórias”.
Quanto à estrutura, no final de setembro, o BCP tinha 7152 trabalhadores na operação em Portugal, menos 52 do que em dezembro de 2019. Já face a setembro de 2019 a redução é de 107 funcionários.

Na rede comercial, o banco tinha em setembro 489 agências em Portugal, menos 16 do que em dezembro passado. Face a setembro de 2019, o BCP fechou 37 balcões.

Recorde-se que em em abril, a instituição financeira garantiu que ia adiar a redução de trabalhadores que tinha previsto para este ano (numa postura que qualificou de “responsabilidade social”), ainda assim, referiu que o plano será posto em marcha no início do próximo ano. 

Montepio afastado

Quando questionado sobre um eventual interesse em relação à possibilidade de entrar no capital do Montepio, Miguel Maya disse apenas que “ninguém nos pediu nada. E não estamos minimamente à procura de operações em Portugal”, disse o presidente do BCP. 

Ainda assim, Miguel Maya garantiu que atualmente a instituição financeira está em condições de olhar para oportunidades que possam surgir, ao contrário do que sucedeu nos últimos anos. “O único aspeto positivo é que hoje podemos olhar, o que não acontecia no passado, garantiu. 

O responsável disse também que o banco irá participar no empréstimo da banca ao Fundo de Resolução para injetar no Novo Banco. “Tomaremos as decisões com base no risco desse crédito, face a estrutura de receitas do Fundo de Resolução, se suporta ou não endividamento adicional. Não estamos a fazer favores a ninguém, tomamos decisões pela nossa própria cabeça”, acrescentou.