Vacina contra a covid-19 pode ficar disponível “entre o final deste ano e o princípio do próximo”

Embora admita que é um “processo de incerteza”, Serras Lopes disse que o Governo acredita que possa haver uma vacina nos próximos meses.

Vacina contra a covid-19 pode ficar disponível “entre o final deste ano e o princípio do próximo”

Diogo Serras Lopes, secretário de Estado da Saúde, fez esta sexta-feira, o ponto da situação epidemiológica da covid-19 em Portugal – um dia que fica marcado como o pior da pandemia, depois de se registar um recorde de mortes, de novos casos e de internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

Em conferência de imprensa, o governante começou por dizer que a média de novos casos diários dos últimos sete dias foi de 3.546, face aos 2.363 e 1.711 registados nas duas semanas anteriores, respetivamente. Números superiores aos registados em março e abril, que até então eram os piores meses da pandemia no país, e que colocam uma pressão “adicional” sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Diogo Serras Lopes reiterou que o SNS está a responder à pandemia e revelou que foram disponibilizadas mais 617 camas de enfermaria e mais 93 camas em UCI para doentes covid. "Continuaremos a enfrentar semanas difíceis, na evolução desta pandemia. Quero deixar claro que a capacidade atual do serviço e do sistema nacional de saúde continuará a ser expandida na medida do necessário para garantirmos os melhores cuidados de saúde a todos num contexto de incerteza e de evolução rápida da pandemia a nível global", disse.

O secretário de Estado lembrou ainda a importância da responsabilidade de cada um no combate à pandemia. "Quero frisar que tão fundamental como a capacidade de resposta é a necessidade de controlarmos e diminuirmos o número de casos novos, todos, individual e coletivamente, temos o dever de reduzir ao máximo possível as possibilidades de contágio, só com um comportamento responsável, seguindo as regras e orientações que já todos conhecemos seremos capazes de reduzir e controlar os contágios e, naturalmente, a pressão atual sobre os serviços de saúde", destacou.

Na mesma conferência de imprensa, o governante foi questionado sobre os desenvolvimentos das vacinas contra a covid-19 e, embora tenha admitido que é um “processo de incerteza”, Serras Lopes disse que o Governo acredita que possa haver uma vacina entre o final deste ano e o princípio do próximo."É um contexto de incerteza, mas estamos convictos e esperançosos de que, efetivamente, estão a ser dados bons passos para que exista disponibilidade de uma vacina entre o final deste ano e o princípio [do próximo], em quantidades limitadas", disse. “Portugal faz parte da compra europeia de vacinas e, portanto, é algo que aguardamos, com expectativa e esperamos que se venha a concretizar", acrescentou, destacando que os planos do Executivo sobre estas vacinas estão ainda a ser delineados.

O secretário de Estado admitiu ainda que "houve uma maior procura" à vacina da gripe, mas que o Governo também disponibilizou este ano um contingente maior. Questionado sobre a rutura de stock em algumas farmácias, Serras Lopes confessou que a procura e a “incapacidade mundial” de oferta, pode levar, naturalmente, a este tipo de situações.

Confrontado com o “excesso de mortalidade” apontado pelo Instituto Nacional de Estatística, o governante explicou que é “algo que tem de ser estudado de uma forma cuidadosa que exige a codificação das várias patologias inerentes ao óbito”. “Estes estudos demoram o seu tempo”, ressalvou, referindo que é “prematuro” fazer comentários.