Altice faz duras críticas à Anacom: “O 5G está atrasado e perdido”

O CEO da Altice não tem dúvidas que a Anacom está a atrasar o dossiê. “O 5G em Portugal é um flop, um logro”, acusa.

“O 5G em Portugal é um flop, um logro”. As palavras são de Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal que esta segunda-feira teceu – mais uma vez – duras críticas à Anacom pelo atraso do 5G no país. Num encontro com jornalistas, o responsável não tem dúvidas que, neste momento, a proposta de regulamento do 5G é “irrealista”. E justificou: “Irrealista, incluindo as obrigações de cobertura, irreal, porque não se adapta à realidade do nosso país, e à necessidade que um projeto como o 5G tem para a nossa sociedade e para a nossa economia, ferido de ilegalidades várias, no que toca ao apoio à entrada de novos operadores”, destacou, deixando ainda “claro que a Altice Portugal não receia a entrada de novos operadores: somos líderes de mercado em todos os segmentos e temos vindo a crescer a nossa liderança”. 

Na base das críticas de Alexandre Fonseca está o atraso no acesso às redes 5G. “Este é o momento de dizer basta. Este setor está a ultrapassar uma crise grave e é uma situação tão grave que tivemos um regulador que mentiu ao Governo, aos portugueses e ao setor”, acusa. ”Hoje é dia 2 de novembro e não tivemos conhecimento de nada. Não sabemos quais são as regras, as condições de acesso a espetro”. Em causa está o calendário do 5G definido pela Anacom que previa que o leilão do 5G começasse em outubro e que o regulamento seria aprovado em setembro. As datas não foram cumpridas. “Isto é um ataque feroz ao setor por parte da Anacom. Continuamos sem conhecer regras, investimentos, timmings ou princípios estratrégios”, garantiu o CEO da Altice que não tem dúvidas: “O dossier 5G, além de atrasado está perdido porque o regulador não se preocupou com o que era importante”.

Quanto aos impactos que este atraso pode ter no setor, o responsável não tem dúvida de que serão “gravíssimos”. “Apesar da pandemia temos reunido com autarcas porque sabemos a importância da fibra ótica”. No entanto, o responsável diz ter “alguma dificuldade em prever o futuro”, que pode atrasar vários investimentos. “Será que vamos continuar ao lado das escolas, IPSS, hospitais, famílias?”, questionou. “Vamos ter que equacionar investimentos, projetos e incluindo o 5G. Todos os cenários estão em cima da mesa e terão de ser repensados”.

E atirou: “É preciso tirar consequências claras. Alguém está a mais no setor das comunicações em Portugal”. 

Questionado pelos jornalistas de a Altice pediu informações ao regulador sobre o ponto de situação do processo, Alexandre Fonseca foi claro: “Com a Anacom vou confessar que não fizemos mais nenhum pedido formal de audiências porque têm sido muito e poucas as que têm tido resposta positiva”, até porque defende que existe um “autismo por parte do regulador no que toca a falar com os seus regulados”. 

Ainda quando sobre o 5G, Alexandre Fonseca disse prever que a Anacom ainda faça alguns avanços este ano: “Antecipo que possa acontecer até ao final do ano, por atropelo, apenas para cumprir calendário”.

As críticas ao regulador continuaram mas não só em relação ao 5G: “Temos vivido nos últimos três anos um ambiente regulatório altamente hostil, que afasta investimento, que é propício ao desinvestimento destes operadores neste país, que é contrário à proteção de valor ou criação de novo emprego, é um momento regulatório que põe em causa a continuidade dos investimentos e da importância deste setor no nosso país”, disse Alexandre Fonseca, acrescentando que “acima de tudo, esta postura tem trazido má imagem ao país, a Portugal, porque é o oposto ao que o Governo tem vindo a promover internacionalmente”.