O problema latino de Biden pode custar-lhe a Florida

Os democratas contavam com o voto latino, mas as sondagens à boca de urna mostram que receberam uma percentagem dele inferior ao esperado.

Durante os últimos anos, com a retórica dura de Donald Trump contra a imigração, sobretudo vinda da América Latina, os democratas contavam ter o voto latino garantido. Contudo, as sondagens à boca de urna mostram um apoio muito inferior desta comunidade a Joe Biden que o recebido por Hillary Clinton em 2016, sobretudo na Florida. Neste estado, o mais crucial dos swing states, pouco mais de metade dos latinos apoiam Biden, segundo a CNN, comparados com 62% que votaram em Clinton.

As sucessivas tentativas do candidato democrata para conquistar a comunidade latina parecem não ter surtido efeito. Talvez a mais divulgadas dessas tentativas – por ter sido amplamente ridicularizada nas redes sociais – tenha sido quando Biden, durante um comício para a comunidade porto-riquenha, na Florida, puxou do telemóvel para pôr a dar a música “Despacito”.

Nem o foco dos democratas neste estado, despejando mais de 110 milhões de dólares em anúncios desde maio, parece ter surtido o efeito desejado. Já a mensagem de Trump, de que Biden é um cavalo de Tróia da ala esquerda dos democratas, supostos perigosos comunistas, adaptou-se perfeitamente aos receios das significativas comunidades cubanas e venezuelanas da Florida, conhecidas pelo seu conservadorismo, muito críticas dos regimes de esquerda nos seus países de origem.

Com 90% dos votos da Florida contados, Trump tem 51,2% e Biden 47,9%. Uma derrota na Florida não seria o fim da linha para Biden, que ainda tem outros estados onde ir buscar os 270 votos no colégio eleitoral que precisa. Ainda assim, provavelmente seria o fim das suas esperanças de uma vitória na noite eleitoral. Nesse caso, o país terá de esperar a contagem dos votos por correspondência na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.