Mercado do leasing (-8,4%) e do rentig (-23,2%) com quebras nos primeiros nove meses do ano

A evolução do financiamento especializado nos primeiros nove meses do ano acompanhou o comportamento da economia portuguesa, com uma contração na produção que resulta das restrições à atividade em alguns setores e do clima de incerteza que se atravessa, com impacto nos investimentos e capacidade produtiva, revela o estudo divulgado pela AFL.

O setor do factoring registou um decréscimo nos créditos tomados de 8,4%, nos primeiros nove meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2019, segundo dados divulgados esta quinta-feira pela Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). A associação adianta ainda que as suas associadas tomaram 22,7 mil milhões de euros em faturas, durante este período.

O factoring doméstico verificou uma quebra de 9,0%, em comparação com o período homólogo, alcançando 10,8 mil milhões de euros em créditos tomados. No caso do confirming (um serviço de gestão de pagamentos que tem a finalidade de facilitar o negócio entre empresas e fornecedores, podendo estes solicitar a antecipação dos pagamentos), assistiu-se a uma retração de 2,5% da atividade, com um valor acumulado de 9,1 mil milhões de euros.

Já no factoring internacional, a vertente de exportação representou 2,6 mil milhões de euros em créditos tomados, o que significa um decréscimo de 22,7% face ao mesmo período de 2019, e a vertente de Importação registou uma produção de 141,9 milhões euros, contraindo 3,7%.

No período em análise, o volume de investimento efetuado através de leasing atingiu mais de 1,6 mil milhões de euros, menos 26,5% do que entre janeiro e setembro de 2019 – ano em que se alcançou os 2,3 mil milhões de euros em investimentos.

Até ao final de setembro de 2020, a locação financeira mobiliária observou um investimento de quase 1,2 mil milhões de euros, denotando-se uma quebra de 29,5%, por comparação com o período homólogo neste segmento. Desse total, 745 milhões euros foram investidos na aquisição de 21 663 viaturas ligeiras (572 milhões de euros) e de 2153 viaturas pesadas (173 milhões de euros). O leasing de equipamentos registou 5932 novos contratos, no valor de 395 milhões de euros.

Já a locação financeira imobiliária foi responsável por investimentos totais de 497 milhões de euros em imóveis, assinalando uma queda de 18,5%. Perto de 87% do total de contratos de leasing Imobiliário (1111) foi celebrado por empresas e entidades públicas, perfazendo um valor de 432 milhões de euros.

No renting, o relatório indica que os resultados revelam uma quebra de 23,2% no número de viaturas adquiridas nos primeiros 9 meses do ano, totalizando 19 699 viaturas ligeiras novas, das quais 15 949 de passageiros e 3750 comerciais. Relativamente ao valor de produção, verificou-se um investimento total de 400 milhões de euros, resultando numa quebra de 22,6% face ao mesmo período do ano passado.

A frota gerida pelas empresas de renting totalizou as 119 122 viaturas no fecho do terceiro trimestre (93 524 de passageiros e 25 598 comerciais), numa redução ligeira de 0,2%, e representando um valor de 1,9 mil milhões de euros, o que se traduz num crescimento de 2,2% face ao ano anterior.

O presidente da ALF, Alexandre Santos, afirmou que “estes resultados revelam uma retração dos setores do leasing, factoring e renting, derivados da contração da atividade económica nacional e internacional”. “Estamos num momento frágil da recuperação e qualquer previsão nesta fase será muito incerta, embora já iniciado o curso de alguma relativa normalização. A evolução do setor do financiamento especializado não é alheia à resiliência que as empresas têm demonstrado e tem contribuído e colaborado para continuar a disponibilizar os seus serviços, sem interrupções de funcionamento”, afirma o dirigente, que acrescenta que “as associadas da AFL continuarão a exercer um papel fundamental no processo de recuperação das empresas nacionais”.