Donald Trump, Joe Biden, ódio e fanatismo

 Esperemos é que, seja qual for o resultado, os americanos, os mais extremados, se comportem condignamente e respeitem a vontade dos eleitores: daqueles que colocaram o seu voto na urna e daqueles que o fizeram por correspondência.

As eleições americanas têm-me divertido, embora o espetáculo seja deprimente. Os argumentos usados pelos defensores das duas partes são muito parecidos, no fundo. Vejamos a história dos votos por correspondência. Os que estão com Trump dizem que os votos por correspondência dão azo a golpadas, mas parece que só nestas eleições é que esse problema se coloca. Até aqui, nunca ninguém, que eu saiba, fez grandes ondas por causa disso.

Já os apoiantes de Biden dizem que Trump se serviu da máquina do Estado para condicionar as eleições, mas parece que Trump é que foi calado em vários canais de televisão e redes sociais. Mas a história mais hilariante é a das sondagens: Trump ficou furioso com a divulgação das mesmas e os apoiantes de Biden ficaram piores que estragados por os resultados apurados estarem muito longe do que as sondagens diziam. Queixam-se que teriam investido noutros estados se tivessem sabido da real intenção de voto.

Como se vê, a rapaziada ficou muito nervosa e muita tinta ainda vai correr. Esperemos é que, seja qual for o resultado, os americanos, os mais extremados, se comportem condignamente e respeitem a vontade dos eleitores: daqueles que colocaram o seu voto na urna e daqueles que o fizeram por correspondência. Só uma nota final: o ódio que há aos EUA deveria levar as pessoas a não se envolverem tão afincadamente no assunto.

Por falar em ódio, ainda não vi nenhuma manifestação em Portugal nem em praticamente nenhum país europeu, se excluirmos a França e a Áustria, de apoio aos cristãos barbaramente assassinados pelos execráveis seguidores do Estado Islâmico. Será que os cristãos podem ser degolados que isso não incomoda ninguém? Ou será que os assassinos que chegaram à Europa nos barcos de migrantes são vítimas do sistema e que, por isso, estão desculpados?

Este mundo está mesmo de pernas para o ar. Defendem-se sistemas políticos como o do Afeganistão e da Arábia Saudita, entre outros, e ataca-se sem dó nem piedade os EUA.

Onde está a defesa da liberdade? Quem defende a democracia? São os migrantes que andam a matar católicos em França? Vamos aceitar a autocensura para não melindrar fanáticos?

Por falar em fanáticos, o que dizer disto? «Eu acho que este Papa tem prestado um mau serviço ao cristianismo. Acho. Acho que tem mostrado a esquerda revolucionária quase como heroica e a esquerda europeia marxista como a normalidade. Acho que este Papa tem contribuído para destruir as bases do que é a Igreja Católica na Europa e acho que em breve vamos todos pagar um bocadinho por isso. Isto não tem que ver com a questão direta da homossexualidade que me referiu, mas acho que este Papa tem prestado um mau serviço». A afirmação é de André Ventura à TSF e ao DN, e, mais uma vez, o líder do Chega dispara primeiro e pensa depois.

Mas, lá está, tem todo o direito a pensar assim. Em democracia, as pessoas podem pensar o que muito bem entendem. Tanto assim é que até podem defender assassinos que matam cristãos em nome de Alá, que é grande e não gosta de ser caricaturado.

Duas notas finais. Como é possível não se encontrar um juiz que queira julgar três dos seus pares, no chamado caso Lex? Irá o caso prescrever porque nenhum juiz se sente isento para decidir em consciência? Estranho país este. A segunda nota é para a história do hidrogénio. Não é por haver uma queixa que alguém passa a ser culpado, mas o aprendiz de animal feroz, de seu nome João Galamba, e Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, ficam numa situação incómoda para decidir o que quer que seja enquanto o caso não for esclarecido.

vitor.rainho@sol.pt