Emergências…

Temos o azar de, aparentemente, Governo e Presidente da República estarem de tal maneira dependentes da opinião pública e das sondagens, que mesmo relativamente a uma questão tão importante como a Saúde Pública, a propósito do Covid 19, não se atreve a tomar medidas radicais de confinamento, sem terem a certeza de que o povo…

por Pedro d'Anunciação

Mesmo assim, estamos conscientes de que é a estas autoridades que compete comandar a ‘guerra’, e não a quem se põe em bicos de pés, concordando em que nisto, como em quase tudo, ‘cada cabeça sua sentença’. Estou a pensar nos disparates que disse Catarina Martins, certamente ainda ‘apanhada’ pelos disparates do BE no OE21.

O Covid 19 tornou-se realmente demasiado politizado, e até ideologizado, quase por todo o lado. Neste cegueira das pessoas, não é de esperar nenhuma decisão assisada. Por um lado temos a extrema-direita e esquerdas radicais ou extremas; por outro lado, os mais centristas e habitualmente sensatos – conservadores ou de esquerda. Por mim, costumo dar atenção ao que diz o Dr. Silva Graça de RTP, ao mesmo tempo que evito ouvir a Dra. Graça Freitas (tão desacreditadinha que ela está!…). Tirando isso, parece ir pelas soluções mais baratas, o que explicaria aceitar idas aos centros comerciais fechados, e proibir feiras abertas em que os protagonistas nem sequer têm segurança social – no que ouve natural e obrigatório recuo.

O que me parece é que a UE não tem sido avisada em quase nada, e estamos a seguir cegamente as suas orientações também nisto. Portanto, em rigor, as decisões nacionais são mínimas, e as europeias (como bem se nota por essa Europa fora) máximas.

Mas a vantagem da democracia, para além de ser poder dizer mal do Executivo (só nisso o actual Regime é bastante melhor do que o anterior, e a maior parte das pessoas que dele dizem mal, por apoiarem uma situação de Ditadura como a que se viveu já em Portugal, deviam ao menos abster-se de falar publicamente, até para serem coerentes com o seu pensamento), a grande vantagem é precisamente a dos seus dirigentes defenderem convicções, e serem afastados quando tais convicções não têm o apoio da população, e nunca o contrário. Se não, talvez a democracia não valha a pena, por depender de dirigentes horríveis. Isto não significa, evidentemente, que o povo tenha sempre razão quando vota (senão não tínhamos o imbróglio actual nos EUA nem haveríamos suportado um sargento-fuhrer Hitler eleitos pelos votos populares).

As medidas anteriores do Governo, as tais que não tiveram efeitos, já o Dr. Silva Graça tinha previsto na RTP que não iam ter efeitos, para além da revolta dos que eram atingidos por elas, e viam ao lado quem não fosse. Agora veremos no que dará o recolher obrigatório à noite nos 121 concelhos mais problemáticos (os do fim-de-semana, demasiado rígidos, não tiveram em conta sequer a necessidade de ir à missas, na sua habitual falta de previsão e amadorismo, pelo que podem ainda ser revertidos), que foi a medida principal saída do Conselho de Ministros Especial de sábado passado.