Hospital de Penafiel voltou a ficar cheio. Conselho regional da Ordem dos Enfermeiros diz que passou “efeito da ministra”

Ordem diz que enquanto propagação da doença na comunidade não for controlada “não há hospital que resista”.

Depois da acalmia da última semana, na sequência da visita da ministra da Saúde, o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa (CHTS), a que pertencem o Hospital de Penafiel e o Hospital de Amarante, voltou a registar uma nova enchente de doentes, repetindo-se o cenário de internamentos na urgência por falta de vagas nas enfermarias. Segundo o jornal i, o Hospital Padre Américo, em Penafiel, continua a ser a unidade com mais casos de covid-19 em todo o país e voltou a haver doentes a precisar de internamento sem vaga para subir para as enfermarias, permanecendo internados em macas na urgência.

Ao i, João Paulo Carvalho, presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, admitiu que a situação é preocupante, sobretudo, numa altura em que as equipas estão esgotadas.

 “Passou o efeito dra. Marta Temido. A primeira vez que tivemos contacto dos colegas a pedir ajuda foi no dia 26 de outubro. Do dia 26 até hoje, os únicos dias em que a coisa esteve bastante mais calma foi um dia antes de a senhora ministra fazer a visita e dois dias depois”, disse ao i, defendendo a necessidade de mais medidas e reforços.

De acordo com a Ordem, esta terça-feira a meio do dia, o centro hospitalar tinha 206 doentes com covid-19 internados, a maioria no Hospital Padre Américo, em Penafiel, e 54 em Amarante.

“Nos últimos dias foram transferidas largas dezenas de doentes, acima de 100. Sabemos que foram doentes para o Santa Maria, em Lisboa, para Viseu, para Macedo de Cavaleiros, para Bragança, para Vila Real, para o São João, para o Santo António, Braga e Viana do Castelo, e também privados, foi muita gente, e estamos de novo nesta situação. O vírus não está contido e o que temos de perceber é que enquanto não controlarmos a propagação da doença na comunidade, não há hospital que resista”, considerou.

A Ordem lamentou ainda a falta de coordenação e a ausência de mais medidas para travar o contágio na zona do Vale do Sousa e dá o exemplo de Ovar, na primeira vaga da pandemia.

“Na primeira vaga vimos, por exemplo, algo a acontecer em Ovar que aqui não aconteceu, e estamos a falar de cinco concelhos com mais casos. Não querem ser tão incisivos e tão drásticos, mas estamos a fazer com que isto fique fora do controlo. Pressionam-se os serviços de saúde, que não têm capacidade de resposta, e ao fazer isto estamos a pôr em causa a economia, que eventualmente foi a razão para não o fazer, mas estamos a matá-la aos poucos”, disse.