Mutualista critica grupo ‘quer salvar Montepio’ e acusa de criar instabilidade

Um grupo de associados pediu ao Governo para intervir na instituição devido à “crise estrutural” que está a atravessar.

O conselho de administração do Montepio Geral Associação Mutualista já veio reagir às declarações do grupo que diz pretender salvar a entidade. A associação liderada por Vírgilio Lima "manifesta a sua estranheza e repúdio quanto à ação empreendida por um reduzido número de associados junto da comunicação social".

E acrescenta que, "esta ação, executada em termos públicos e com forte impacto na confiança e reputação da marca Montepio, assenta em questões que não foram apresentadas em sede própria da Associação, nomeadamente na última Assembleia Geral de associados, onde os temas têm vindo a ser amplamente partilhados, discutidos e clarificados, e contraria o alinhamento da comunidade associativa que, em data recente, aprovou, de forma muito expressiva, as contas individuais (maioria de 89%) e consolidadas (maioria de 97%) da Associação Mutualista".

De acordo com a administração da Mutualista, "as dúvidas instaladas a respeito de temas aprovados pelos associados e acompanhados de perto pelas entidades de tutela e supervisão da Associação Mutualista e do Banco Montepio configuram um ataque à estabilidade deste grupo mutualista, além de uma estratégia de disputa de poder que tem sede e momento próprios para ter lugar", acrescentando que "o momento apresenta dificuldades que são sistémicas. As entidades do Grupo Montepio não são imunes, mas prosseguem numa gestão determinada e orientada à superação dos desafios, sem necessidade de quaisquer apoios públicos, como sempre aconteceu ao longo de 180 anos de história e atividade. Mesmo em momentos não muito distantes, quando foram prestados apoios a entidades financeiras, esta instituição da Economia Social soube sempre resolver os seus problemas".

Recorde-se que um grupo de associados da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) – e que junta nomes como, Fernando Ribeiro Mendes (ex-administrador da AMMG), João Costa Pinto (ex-Banco de Portugal e conselheiro da AMMG), João Proença (ex-líder da UGT) e Eugénio Rosa – pede a intervenção do Governo e dos reguladores no sentido de se encontrar soluções para “evitar o colapso” da instituição que gere poupanças de mais de 600 mil associados.

“A situação é grave, mas reversível. Só é irreversível com a atual administração”, refere Pedro Corte Leal, durante a apresentação do manifesto, apelando à necessidade de criar um plano de salvação “em consonância com o Governo, nomeadamente no domínio do suporte financeiro”. 

De acordo com o manifesto não há dúvidas: “O universo Montepio está numa situação dificílima, mas que ainda por ser revertida, com competência, idoneidade, coerência de ação e de sentido e urgência”. No entanto, chama a atenção para o facto de esta “reversão não estar ao alcance da atual administração”, acrescentando que “a cooperação com o Governo é essencial ao sucesso de uma operação de salvação do Montepio”.