PCP discorda de decisão do Governo e não quer maternidade de Coimbra nos Hospitais da Universidade

Na ótica do partido, existe uma “concentração excessiva” de serviços no Bloco Central dos HUC, sendo que este já constitui um “espaço já de si muito sobrecarregado e de acessos muito congestionados” onde tem sido verificada a dificuldade na capacidade de resposta aos utentes.

"A decisão do Governo de inserir a Maternidade no perímetro dos Hospitais da Universidade de Coimbra é errada. O PCP tem vindo a alertar que sucessivas agregações levaram à excessiva concentração de serviços e valências no polo central dos HUC, o que tem reduzido a capacidade de resposta dos cuidados de saúde em Coimbra", começou por explicar a Organização Regional de Coimbra do PCP num comunicado disponibilizado no seu site oficial.

Na ótica do partido, existe uma "concentração excessiva" de serviços no Bloco Central dos HUC, sendo que este já constitui um "espaço já de si muito sobrecarregado e de acessos muito congestionados" onde tem sido verificada a dificuldade na capacidade de resposta aos utentes. Deste modo, o PCP defendeu que seja construído um serviço de obstetrícia e neonatologia na cidade, "moderno" e que "abarque o número de partos das actuais maternidades, junto ao Hospital Geral dos Covões – que nesta pandemia se confirmou mais uma vez como unidade de excelência, capaz de prestar cuidados diferenciados – equipado com as especialidades próprias de um hospital central que se articulem com as exigências de apoio à Maternidade". 

Enquanto não se der a "construção de raíz da maternidade", o PCP acredita que devem ser efetuadas "intervenções e obras de beneficiação urgentes" que impeçam a degradação total da unidade suprarreferida, adiantando que "urge modernizar as instalações e serviços, assegurar a qualidade e a segurança, suprir a carência de médicos, enfermeiros, auxiliares e administrativos e outros técnicos, dando aos profissionais todas as condições que permitam assegurar a sua actividade e o exercício pleno das suas funções".

Na perspetiva dos comunistas, "os sucessivos governos PS, PSD e CDS degradaram a capacidade dos serviços de saúde em Coimbra", na medida em que "a falta de investimento é transversal e levou à degradação dos cuidados de saúde primários e ao encerramento de muitas unidades de proximidade". A título de exemplo, o PCP recorreu à fusão dos Hospitais de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, decisão que resultou "na degradação dos serviços, no desmantelamento de equipas multidisciplinares e na perda de valências e capacidade". Por outro lado, pensam que se dão "opções de favorecimento ao negócio privado da doença, em expansão na região de Coimbra", sendo que este financiamento pelo Estado aos privados "é inaceitável, retira recursos ao SNS e faz com que, na prática, os investimentos que se têm realizado pelos grupos privados, sejam feitos à custa do Orçamento do Estado". O partido liderado por Jerónimo de Sousa avançou igualmente que "é preciso acabar com o saque por parte do negócio da doença" porque o "propósito de acumulação de riqueza não é compatível com a defesa da saúde pública, de qualidade e acessível a todos".

Recorde-se que, no passado domingo, o PS de Coimbra – liderado por Carlos Cidade -, escreveu uma carta à Ministra da Saúde, manifestando o seu desagrado perante as declarações de Marta Temido, na Assembleia da República, acerca da nova localização da maternidade de Coimbra nos Hospitais da Universidade. No texto, divulgado pelo Notícias de Coimbra, pode ler-se que apelaram à dirigente que "(…) pondere e decida em definitivo pela construção da nova Maternidade em Coimbra no perímetro do Hospital Geral Central dos Covões, e assim defenderá a segurança e o interesse das pessoas, a credibilidade das instituições e o sucesso da governação socialista na cidade e no País".