Republicanos pedem donativos para batalha judicial, mas dinheiro pode ser usado em despesas pessoais

Se o donativo for inferior a 8 mil dólares, o valor é distribuído entre o fundo “Save America” e o Comité Nacional Republicano.

A campanha presidencial de Donald Trump está a pedir aos seus apoiantes que contribuam com donativos para levar a tribunal a “fraude” eleitoral a que o ainda Presidente se tem referido.

No site da iniciativa “Official Election Defense Fund”, consta que os donativos servem para “proteger os resultados e continuar a lutar, mesmo depois do Dia da Eleição”. No entanto, a Reuters alerta para um pormenor, que se pode interpretar nas entrelinhas: os donativos inferiores a 8 mil doláres não servem para suportar recontagens de votos ou para tentar provar as acusações de fraude – 60% do dinheiro vai para o fundo “Save America” e 40% para o Comité Nacional Republicano.

Quer isto dizer que o “Save America”, um fundo criado esta segunda-feira, pode utilizar os recursos ao seu dispor de forma livre. Este tipo de fundos, conhecido como “political action committee” ou PAC, são normalmente criados por figuras políticas ou mediáticas para apoiar as candidaturas a cargos políticos de outras pessoas, explica a Reuters.

No entanto, o dinheiro destes fundos também pode ser utilizado para pagar despesas pessoais, como viagens ou estadias em hotéis. Para um antigo diretor do Comité Nacional Republicano, Michael DuHaime, “é importante ser franco com as pessoas – especialmente com aquelas que estão a procurar nos bolsos pelo menos 25 dólares para contribuir. Se lhes dizemos que o dinheiro é para ir para custas jurídicas, então tem de ir para custas jurídicas”.

Segundo avança a Reuters, para entrar um dólar no “Official Election Defense Fund”, já entraram 5 mil dólares no “Save America” e outros 3.300 dólares nos cofres do partido republicano. Fazendo as contas, se alguém decidir doar, por exemplo, 500 dólares, destes 300 vão para o “Save America” e os restantes 200 para o Comité Nacional Republicano. Ou seja, a contribuição para o combate judicial ao resultado das eleições é completamente nula.

Darrel Scott, um pastor de Ohio que esteve na equipa de transição de Trump em 2016, afirma, em entrevista à Reuters, que “isto é como falar em dois bolsos do mesmo par de calças. Não importa se o dinheiro vai para o bolso do lado esquerdo ou para o lado direito – no final, o dinheiro será utilizado em propósitos legítimos que irão receber o apoio de todos”.