Médicos propõem confinamentos seletivos

A partir desta segunda-feira há mais 77 concelhos sujeitos a restrições à circulação durante a noite e com obrigatoriedade do teletrabalho, quando as funções o permitem. Passam a ser 191 concelhos e 8,5 milhões de portugueses abrangidos pelas regras, que este fim de semana têm o seu primeiro teste ao sábado e domingo, da parte…

Travar contágios em momento de convívio social e familiar foi o objetivo apontado pelo Governo, que indicou que 68% dos casos têm essa origem. Questionada pelo SOL durante a semana, a DGS não esclareceu, no entanto, em que percentagem dos casos está identificada ligação epidemiológica. Antes do crescimento exponencial da epidemia, que dificultou a realização de inquéritos, 40% dos casos não tinham ligação epidemiológica estabelecida nas primeiras investigações.

No sábado, o primeiro-ministro indicou que poderiam vir a ser tomadas medidas mais diferenciadas nos concelhos mais afetados, que nas últimas semanas foram os da zona do Tâmega e Sousa, na região Norte. Esse escalonamento de medidas foi apontado esta semana pelo Governo para 24 de novembro, quando será renovado o estado de emergência.

As medidas não foram detalhadas e estão a ser estudadas pelo Ministério da Saúde. Ontem, a ministra da Saúde indicou que na próxima semana serão divulgados os dados de incidência por concelho. Desde dia 26 de outubro que a DGS não disponibiliza informação por concelho, fruto de uma consolidação de dados que está a ser feita, dado que até aqui representavam apenas uma parte dos casos confirmados.

O gabinete de crise da Ordem dos Médicos defendeu esta semana a divulgação da incidência por concelho a 14 dias e alertou para a necessidade de ser conhecida a situação epidemiológica de cada um, exemplificando que será diferente um concelho ter 240 casos por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas (o critério para entrar na lista) ou 960. Os médicos defendem que, nos concelhos de maior risco, deve ser avaliada a necessidade de confinamentos seletivos por NUT, a nível regional, durante um mínimo de duas a três semanas. A proposta da Ordem seria, nestes casos, manter a funcionar os setores primário e secundário, comércio de bens essenciais e escolas, mas apenas creches, ensino pré-escolar e primário, com os alunos do ensino básico e secundário, bem como universitários, a passar ao ensino à distância. O cenário de fecho de escolas tem sido afastado pelo Governo. O plano para o ano escolar prevê, no entanto, a hipótese de ensino misto ou não presencial, previsto para situações contingenciais, preservando aulas presenciais para alunos do primeiro e segundo ciclo, explicou, em julho, o ministro da Educação. O patamar em que tal seria determinado a nível de concelho ou nacional não foi tornado público.