Se não há dinheiro para a vacina da gripe…

O Banco de Portugal serve para quê? Empresários queixam-se que lhes foram às contas bancárias e ninguém faz nada?

1.Na semana em que o mundo acordou com o anúncio da eficácia de uma vacina, Portugal debate-se com um problema  um pouco elucidativo do que nos espera no futuro, se a tal vacina da Pfeizer começar a ser comercializada. Em pleno outono, os grupos de risco já deviam ter sido vacinados para se defenderem da gripe, mas a diretora-geral da Saúde já reconheceu que vão ficar muitos idosos sem serem vacinados, porque Portugal não conseguiu comprar mais vacinas no mercado.

Se é assim com a vacina da gripe, como será com a da covid? É fácil de imaginar, tão cedo não teremos hipóteses de contar com essa ou outra vacina a larga escala que possa cobrir a população portuguesa. E se a solução passar pela da Pfeizer – há muitas outras a serem desenvolvidas – como será com a segunda dose, já que apenas uma não serve para tornar o corpo imune à doença? Os espanhóis já encomendaram 10 milhões de doses que devem chegar a Espanha em maio. Esperemos que António Costa consiga convencer os seus colegas europeus a darem-nos boleia quando forem às compras.

Mas não será de estranhar que o primeiro-ministro apareça daqui a uns meses a dizer que foi apanhado de surpresa, no que diz respeito à compra da vacina. 

2.Quando alguém passa um cheque e o mesmo não tem provisão, é seguro que o seu nome vai entrar na lista negra do Banco de Portugal, acabando por ficar impedido de usar mais cheques. Mas quando uma instituição entra na conta de empresários da restauração e saca o dinheiro que estes faturaram em cartões eletrónicos  e só o devolvem passado dias, o mesmo Banco de Portugal não diz nada. Afinal, para que serve o supervisor da banca? Para ser uma reforma dourada de alguns ex-ministros?

3.O cenário negro que se abate sobre quase toda a economia portuguesa, e mundial, não pode ser aproveitado por grandes empresas para despedirem trabalhadores só porque estão a ter prejuízos nesta altura. Todas aquelas que deram lucros brutais em anos anteriores não deveriam poder fazer despedimentos, pois além de ser desonesto é desumano. O Governo não pode permitir que isso aconteça e tem de saber quais as empresas que terá de ajudar. Se o Executivo não puser a mão por baixo dos empresários, vai ter de pagar muitos milhões em fundo de desemprego, onde não vai criar qualquer riqueza.

4.A indústria da restauração, mas principalmente a da noite, foi esquecida pelo Governo e comunicação social durante quase oito meses. Essas indústrias contribuíram e muito para a dinamização das cidades e do turismo, nacional e estrangeiro. Por isso, o Governo deve saber o que essas empresas declararam o ano passado e, a partir daí, ajudá-las de acordo com a sua declaração. Tinham muitos postos de trabalho declarados? Descontavam os seus impostos? Então, ajude-se tendo em conta isso.

5.As eleições nos Açores provocaram um verdadeiro terramoto na política nacional. As críticas são muitas, mas não se percebe a razão de Marcelo_Rebelo de Sousa não ter pedido ao seu representante no arquipélago para investir o PS na qualidade de Governo. Como este não tinha maioria, então chamaria o PSD. Tal e qual como se passou em 2015 nas eleições legislativas. Com essa medida teria evitado muito falatório, além do Chega.

vitor.rainho@sol.pt