Vítor Gaspar defendeu que os governos “não devem retirar apoios orçamentais de forma prematura”.
De acordo com o ex-ministro das Finanças e diretor do FMI, o peso da dívida pública e do défice orçamental (em função do PIB) vai ser muito superior ao que se prevê atualmente.
E, como tal, diz que a situação económica e orçamental da esmagadora maioria dos países vai piorar bastante antes de melhorar.
Ainda esta sexta-feira, o INE revelou que a economia portuguesa registou um crescimento de 13,3% em cadeia no terceiro trimestre, mas em comparação homóloga registou uma quebra na ordem dos 5,8%. Estes resultados seguem-se à queda do PIB de 16,4% no segundo trimestre do ano, período mais afetado pelas medidas restritivas de combate à pandemia.
De acordo com o organismo, a redução menos intensa do PIB deveu-se sobretudo ao comportamento da procura interna que registou um contributo de -4,1 pontos percentuais para a variação homóloga do PIB. Também a procura externa líquida foi menos acentuado no 3.º trimestre, «verificando-se uma recuperação mais significativa das exportações de bens serviços que a observada nas importações de bens e serviços, devido em grande medida à evolução das exportações de bens, uma vez que as de serviços mantiveram reduções expressivas».
O INE diz ainda que o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB recuperou "de forma expressiva", passando de -11,8 p.p. para -4,1 p.p. no 3º trimestre, devido sobretudo ao comportamento do consumo privado que registou uma diminuição homóloga significativamente menos intensa que a observada no trimestre anterior. O investimento também apresentou uma diminuição homóloga menos intensa que no trimestre precedente, enquanto o consumo público registou um crescimento, após a diminuição verificada no 2.º trimestre.
Recorde-se que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma queda de 10% do PIB português em 2020, e uma recuperação de 6,5% para 2021. O Governo prevê uma queda da economia de 8,5% este ano e uma recuperação de 5,4% em 2021. O Banco de Portugal estima uma quebra de 8% do PIB em 2020 e Comissão Europeia prevê uma queda de 9,8% da economia portuguesa este ano.