Eugénio Rosa lamenta extinção do conselho geral no Montepio

E aponta o dedo ao Ministério de Ana Mendes Godinho, “ao permitir a extinção deste órgão e ao não fixar a data de novas eleições”.

Eugénio Rosa lamenta extinção do conselho geral no Montepio

Eugénio Rosa que pertence um grupo de associados – a que junta nomes como Fernando Ribeiro Mendes (ex-administrador da AMMG), João Costa Pinto (ex-Banco de Portugal e conselheiro da AMMG), João Proença (ex-líder da UGT) – e que, na semana passada, pediu a intervenção do Governo e dos reguladores no sentido de se encontrarem soluções para “evitar o colapso” da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) critica a extinção do conselho geral, em resultado da aprovação dos novos estatutos. “O concelho de administração extinguiu o conselho geral, o único órgão em que havia membros não escolhidos por Tomás Correia, com a conivência do Governo”, acrescentando que esse órgão “fazia o controlo, embora reduzido, porque os seus poderes eram meramente consultivos, da atividade do conselho de administração, refere em documento a que i teve acesso.

O economista chama ainda a atenção para o facto de essa extinção ter sido feita através de uma carta, assinada pelo presidente da Mutualista e lembra que os estatutos “cuja versão final aprovada pelo Governo ninguém conhece, porque ainda não foram publicados”.

E as críticas não ficam por aqui. “A reunião do Conselho Geral da Associação Mutualista marcado para o dia 19 de novembro foi anulada por Virgílio Lima. Documentos importantes para o Montepio e para os associados, como são o plano e o orçamento para 2021, que deviam ser discutidos no Conselho Geral para poderem ser apresentados na assembleia geral, já não o serão, tal foi a pressa do atual presidente Virgílio Lima em acabar com todos os elementos incómodos e todos aqueles que podiam fiscalizar efetivamente a sua atividade e dá-la a conhecer aos associados”, diz o mesmo documento.

Um cenário que não agrada ao economista ao afirmar que “até à eleição da assembleia de representantes, prevista nos novos estatutos do Montepio, não haverá ninguém nos órgãos sociais (conselho de administração e conselho fiscal) da Associação Mutualista que não tenham sido escolhido por Tomás Correia. E a eleição da assembleia de representantes ainda não se sabe quando se realizará, pois ainda nem foi aprovado o regulamento eleitoral que terá de ser pela assembleia geral dos associados”.

E aponta o dedo ao Ministério liderado por Ana Mendes Godinho, “ao permitir a extinção do Conselho Geral e ao não fixar a data de novas eleições, dando cobertura mais uma vez a tudo isto”.

Perdas banco

Os resultados apresentados pelo Banco Montepio, na sexta-feira, também foram alvo de críticas por parte de Eugénio Rosa. De acordo com o mesmo, os prejuízos de 56 milhões de euros causaram “a delapidação dos reduzidos capitais próprios” e garante que o valor do ativo “continua a diminuir – já perdeu 216 milhões só em 2020 – tornando o banco cada vez mais pequeno: 17,2% do ativo do banco está em títulos, o que envolve elevado risco pois qualquer alteração nas taxas de juro pode determinar elevadas perdas”, além de defender que a instituição financeira “não deve ser de especulação”.

E lembra que, apesar da carteira de crédito ter aumentado 148 milhões em 2020, “é muito inferior aos valores dos anos anteriores, e o “rácio de transformação” é apenas de 94,1%, ou seja, por cada 100 euros de depósitos que recebe apenas concede crédito de 94 euros. “Ainda mais grave é o facto do banco apresentar em 2020 elevados prejuízos que têm aumentado de trimestre para trimestre. Tal facto está a causar a delapidação dos reduzidos capitais próprios (só em 2020, já perdeu 102 milhões euros de capitais próprios)”, acrescentando que a “a incapacidade revelada pela atual administração para aumentar o negócio bancário levou-a a optar pela solução mais ‘fácil’: reformar e despedir 600 a 900 trabalhadores para reduzir custos, o que não resolve nada e só agrava a situação”.