Mais de 30% dos internados tem entre os 40 e os 69 anos, aponta Marta Temido

A ministra sublinha ainda que “só juntos” é possível vencer a segunda vaga da pandemia no país que, “durante as próximas duas a três semanas, estimamos que se mantenha elevada”.

A conferência de imprensa desta quarta-feira contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, que abordou vários temas, como o elevado número de internamentos e a pressão nos hospitais do país, especialmente na região Norte, os resultados finais dos ensaios clínicos da Pfizer que, de acordo com a empresa norte-americana tem 95% de eficácia contra a covid-19, e ainda as férias dos profissionais que estão na linha da frente de combate à doença. 

A ministra começou por alertar a população para o facto de não serem as pessoas mais idosas que necessitam de ser internadas quando são infetadas pelo vírus e apontou que existem três grupos etários em internamento: 4% indivíduos com menos de 40 anos; 33% entre os 40 e os 69 anos e 63% de pessoas com mais de 70 anos.

Marta Temido afirmou que a situação mais preocupante neste momento é "o elevado número de casos por dia" e falou sobre a elevada pressão nos hospitais do Norte. Para combater o elevado número de pessoas que estão a ser internadas diariamente, estão a ser "abertas novas camas para cuidados intensivos" e realizados "novos protocolos com outras entidades que também têm estado a colaborar na resposta aos doentes Covid", afirma a ministra. A responsável pela pasta da Saúde afirma que "o número de camas é um número 'elástico' "e que apesar de este ser um bem finito consegue-se fazer "uma gestão flexível" e diz que é possível aumentar camas, usando enfermarias.

Questionada sobre o processo de vacinação, abordado pela mesma esta quarta-feira, durante uma entrevista a um podcast do Partido Socialista, Marta Temido voltou a afirmar que é expectável que as primeiras vacinas sejam distribuídas no país em janeiro e diz que o Governo pretende preparar o país para o processo: "Queremos que o país esteja preparado para garantir os circuitos da vacina, do transporte, registos informáticos, das reações adversas que eventualmente sejam anotadas", disse. 

Sobre os grupos prioritários para a vacinação, Marta Temido disse que esta é uma regra que "cabe a cada país definir". A ministra disse, durante a entrevista ao podcast, que será a Direção Geral de Saúde (DGS) a ter uma decisão final sobre quem devem ser os grupos prioritários a receber a vacina e disse já ter criado uma equipa para definir a estratégia de vacinação no país, onde estão incluídos membros da DGS.

Marta Temido falou ainda sobre o risco de transmissão da covid-19 no país e diz que este parece estar a diminuir "muito lentamente", no entanto é necessário continuar a fazer esforços para quebrar focos de transmissão. "Não podemos deixar que o RT estabilize a um nível de casos diários na ordem dos 5 mil casos. Esse número tem efeitos nefastos naquilo que é a utilização dos serviços de saúde e efeitos nefastos da doença que afeta as pessoas", apontou.  A ministra sublinhou ainda que "só juntos" é possível vencer a segunda vaga da pandemia no país que, "durante as próximas duas a três semanas, estimamos que se mantenha elevada".

Sobre as férias dos profissionais de saúde, Marta Temido disse que "não é possível substituir os profissionais que estão na linha da frente no combate à covid-19 por outros" e que as férias dos mesmos podem vir a ser adiadas. "Muito provavelmente terá de haver, de acordo com a situação epidemiológica, uma alteração dos planos de férias. É uma decisão difícil e um esforço adicional que se pede aos profissionais de saúde e de outras áreas. Este é um tempo urgente nas nossas vidas, é urgente parar a transmissão", apontou.