Hospitais de Coimbra com falta de profissionais de cuidados intensivos

Há anestesistas, médicos de cardiologia, de pneumologia e de medicina interna a tentar preencher a lacuna de recursos humanos nos cuidados intensivos.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) tem falta de profissionais de cuidados intensivos, anunciou esta quarta-feira o diretor clínico do CHUC em declarações ao jornalistas quando fazia um ponto de situação.

Nuno Deveza afirmou que há “recursos humanos de outras especialidades que não a medicina intensiva a trabalhar nas unidades de cuidados intensivos, nomeadamente anestesistas”, médicos de cardiologia, de pneumologia e de medicina interna. “Em termos de recursos humanos, estamos muito apertados", alertou o diretor clínico, sublinhando que é preciso “arranjar um equilíbrio entre a resposta à pandemia e a resposta aos doentes não covid”.

“Neste momento, nos cuidados intensivos, o nosso maior desafio são os recursos humanos, sejam médicos, sejam enfermeiros, porque a tipologia de doentes é muito diferenciada e requer apoios bastante diferenciados. Esses apoios já em situação normal são escassos, quando é preciso uma resposta maior tornam-se ainda mais escassos”, disse.

O plano de contingência do CHUC tem capacidade para 49 camas, sendo que neste momento existem 19 disponíveis e com “capacidade de expandir mais”, ou seja, Nuno Deveza considera que há “uma folga razoável” na medicina intensiva “em termos de espaço, de camas”.

No entanto, “essa expansão já está a ser à custa da redução de atividade programada não urgente, nomeadamente atividade cirúrgica”. Por exemplo, o diretor clínico explica que no polo do Hospital Geral, em Covões, houve “uma redução de 40 a 45 cirurgias por dia”.

No CHUC estão internados 110 doentes com covid-19, dos quais 18 estão em cuidados intensivos.

“As 20 camas que temos de cuidados intensivos para doentes não covid têm que manter a sua capacidade de resposta", uma vez que "as situações não covid não diminuíram", disse o responsável, adicionando que a taxa de ocupação atual destas camas se situa nos 80%.

Em relação aos doentes que não precisam de ser tratados em cuidados intensivos, a capacidade é de 108 camas e estão livres apenas17. Nuno Deveza explica que se for preciso, “e tudo indica que sim, porque a situação ainda está numa fase de escalada, nomeadamente em termos de internamentos”, a instituição tem "outros planos alternativos”, mas que implicarão “diminuição da capacidade de resposta de internamento com doentes não covid”.

Para Nuno Deveza, “poderá chegar uma altura em que possa estar em risco também a resposta a doentes não covid de cuidados intensivos”, o que não pode acontecer por o CHUC ser responsável não só pela população de Coimbra, mas também da região Centro.