Apenas 25% das pessoas cumprem distanciamento de dois metros. Ginásios e trabalho presencial com maior risco de contágio

Especialistas preveem pico de casos na próxima semana.

Apenas 25% das pessoas cumprem distanciamento de dois metros. Ginásios e trabalho presencial com maior risco de contágio

Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade de Nova de Lisboa, afirmou, esta quinta-feira, durante a sua intervenção na reunião entre políticos e especialistas no Infarmed, que, um estudo revela que  “só 25% das pessoas identificaram que quando saem de casa mantêm a distância de dois metros” recomendada pelas autoridades de saúde.

Segundo a especialista este estudo revela ainda que “mais de 20%” não usa sempre máscara” e que “mais de 45%” dos inquiridos “não usa máscara quando está num grupo com dez ou mais pessoas”.

Na mesma reunião, Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, destacou que os dados recolhidos num questionário mostram que  “o uso de transportes coletivos, a frequência de espaços de restauração e a frequência de espaços comerciais e de hotelaria” não parecem aumentar a probabilidade de infeção. No entanto,  “frequentar ginásios, trabalhar presencialmente ou habitar alojamentos mais lotados parecem estar associados com a probabilidade acrescida de infeção”.

Por sua vez, o investigador Manuel do Carmo Gomes, da Faculdade de Ciências de Lisboa, afirmou que há "uma tendência a nível nacional" de descida do índice R – que determina quantas outras uma pessoa infetada pode contagiar.

Segundo o especialista o R estará, atualmente, em 1,11 e deverá estar em 1 no fim de novembro e princípio de dezembro.

Ainda assim, Carmo Gomes defende que não se pode "baixar a guarda, porque à primeira oportunidade, o R volta a subir". Segundo o especialista, na transição de novembro para dezembro o número médio de novos casos por dia pode atingir os 7.000 e projeta ainda que o país tenha o pico de óbitos por covid-19 na segunda semana de dezembro, com cerca de 95 a 100 óbitos diários.

O investigador diz que é preciso "manter o R abaixo de 1 continuamente", ou poderá haver uma média superior a 3.000 novos casos por dia até meados de janeiro.