Hacker português atacou eleições autárquicas brasileiras

Autoridades brasileiras admitem que ataque de hacker português ‘não tem relevância para o processo eleitoral’. Zambrius confessa que realizou ataque por ‘diversão’.

Um hacker português admitiu ter penetrado no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil no último domingo, durante a primeira volta das eleições autárquicas.

O pirata informático, que se identifica como Zambrius, atualmente em prisão domiciliar, confessou o crime ao jornal Estado de S. Paulo, informando que agiu sozinho e realizou o ataque através do seu telemóvel.

«Estou sem computador. Se o tivesse, acredite que o ataque teria um impacto muito maior», escreveu o hacker de 19 anos, que disse dedicar-se a explorar vulnerabilidades dos sistemas informáticos.

Investigações tentaram ligar este crime a «extremistas ligados a núcleos bolsonaristas», escreve o jornal brasileiro, mas Zambrius vem refutar esta hipótese, garantindo que realizou o ataque apenas por «diversão».

Ataque em três partes

As eleições autárquicas foram marcadas por «por três acontecimentos distintos», descreve o jornal Estado de S. Paulo.

O primeiro, registado por volta de 9h, consistiu na divulgação de dados do site do TSE para uma conta no Twitter, que foi imediatamente suspensa.

Mais tarde, por volta das 11h, um ataque sobrecarregou o site do tribunal, tornando as pesquisas neste endereço mais lentas.

O último ataque provocou «uma demora na adaptação da inteligência artificial do supercomputador do TSE, em Brasília, que recebe os votos para totalização dos resultados».

Segundo o hacker, que está a ser monitorado por autoridades portuguesas e que foi detido pela primeira vez em 2017, aos 16 anos, o seu envolvimento limitou-se aos dois primeiros ataques e, até o momento, escreve o jornal brasileiro, «a atuação de aliados de Bolsonaro no tumulto foi confirmada apenas na disseminação de notícias falsas».

Sem razão para alarme

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, já tinha questionado o sistema eletrónico de contagem dos votos realizado pela Justiça Eleitoral, afirmado que o país tem de «ter um sistema de apuração [de votos] que não deixe dúvidas». «É só isso. Tem de ser confiável e rápido. Não deixar margem para suposições».

No entanto, as autoridades estão a desvalorizar o ataque e afirmam que o «vazamento» de informações não tem «nenhuma relevância» e não tem «importância para o processo eleitoral».

«Este ataque aparentemente teve a sua origem em Portugal e, sempre lembrando, as urnas [eletrónicas] não estão em rede [conectadas à internet], portanto, não estão vulneráveis a nenhum tipo de ataque durante o processo eleitoral», afirmou no passado domingo o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso.